A obra “O silêncio do mangue” tem um prólogo denso e que já deixa o leitor sem ar, pois conseguimos sentir a dor/desespero da personagem. O corpo de uma famosa drag queen, é encontrado nas águas turvas do mangue. O investigador do caso, Tibério Ferreira é marcado por inúmeros eventos traumáticos e os fantasmas deles assolam a sua mente.
O escritor Lucas Santana foi uma grata surpresa. A sua história é necessária, de relevante impacto social e com uma abordagem diferente, no que tange a comunidade LGBTQIAPN+. Santana ganhou todo o meu respeito e admiração. Que baita romance new adult!
“O ar, já abafado, quente e pesado, ficou ainda mais. Ele mal conseguia respirar. A visão de repente ficou turva e nos ouvidos só escutava o coração que retumbava. Caminhou tateando as raízes dos manguezais: tremia, as mãos e as pernas. Parecia que estava outra vez naquele pesadelo.”
Para piorar a situação do investigador, novos cadáveres aparecem e um grupo intitulado como Gayrrilha, se levanta com a promessa de vingar os anos de negligência e violência sofridos pela comunidade LGBTQIAPN+. O caos é instaurado rapidamente na cidade e é necessário uma urgente intervenção de Tibério Ferreira e sua equipe. Ele terá saúde mental para lidar com todos esses acontecimentos? Leiam!
Os personagens são repletos de profundas camadas, com marcas latentes e uma necessidade de libertação. Passado e presente se misturam com uma urgência de respostas!
“O dia em que decidira m4t4r o demônio foi o dia em que os deuses da natureza decidiram salvá-la. Foi numa noite chuvosa, cheia de trovões.”
O que falar do epílogo? Simplesmente, fechou com chave de ouro. As temáticas abordadas não são fáceis de serem digeridas, porém não podemos romantizar na sociedade o preconceito, as falas homofóbicas e qualquer tipo de violência. Que as lantejoulas douradas estejam apenas nas roupas e não nas páginas policiais mostrando 4ss4ss1n4t0s da comunidade LGBTQIAPN+. Uma utopia, mas que almejo que se torne realidade!