26 março 2019

[Resenha] | O Casamento | Victor Bonini | Faro Editorial






A obra “O Casamento” nos conta sobre a trajetória de Plínio e Diana, pois eles são um casal totalmente improvável para dar certo, as famílias e os amigos são contra o relacionamento, mesmo diante dos fatos resolvem casar. Os noivos reservam hospedagem de 4 dias para todos os convidados no Hotel-Fazenda Cardeais.
Segredos, mentiras e mistério cercam alguns convidados e especialmente um convidado em questão, está sendo chantageado. Ele contrata o detetive Conrado Bardelli que tem a certeza que o cenário de um casamento é ideal para desmascarar o possível chantagista.
“Na hora de deitar a cabeça no travesseiro, Conrado Bardelli só conseguia pensar nas mulheres. As que haviam passado pela sua vida, as que estavam naquele casamento – Diana, Carmen, Vanessa, Sandra, Edna – e aquelas que ainda iria conhecer. E aqui estou eu contando mulheres em vez de carneirinhos. Tentou rir de sua própria piada mental, mas não conseguiu. Ele tinha um mau pressentimento. Precisava descobrir logo quem era a chantagista e dar o trabalho por terminado”.
Todos os convidados estão em frente ao altar, Diana dentro do carro esperando o toque da marcha nupcial, Plínio se encaminhando para o altar e eis que o desespero atinge nível máximo e gritos são ecoados. Um crime é cometido na antessala e o casamento é suspense.
A obra tem muitos personagens, porém Bonini consegue interliga-los de uma forma ímpar e apresenta para o leitor, uma riqueza de detalhes, importante para a compreensão de todos os acontecimentos. Novamente, Victor abala minhas estruturas de “detetive” e pelo jeito terei que me aposentar, hehe! A escrita dele é surreal e é impossível largar o livro antes de finaliza-lo.
O detetive Conrado Bardelli, tornou-se o meu preferido, entre todas as obras do mesmo gênero. Ele é sagaz, inteligente, articulador, carismático e atraente na medida certa. O detetive é uma peça fundamental para desvendar todos os segredos familiares e chegar ao criminoso.
A edição da Faro está belíssima. A capa/diagramação tem um alto padrão e adoro o tipo de papel utilizado, firme e ótimo facilitador para a leitura. A obra merece todas as estrelas possíveis e já quero ler o próximo livro do escritor. E sobre casamentos? Apenas digo: cuidado com babosas!



15 março 2019

[Resenha] | Quando Ela Desaparecer | Victor Bonini | Faro Editorial




A obra “Quando Ela Desaparecer” aborda a história da jovem Francisca Silveira do Carmo ou Kika, como é conhecida. Ela tem 16 anos e desaparece durante uma excursão escolar. O mais incrível de toda situação é que Kika, dois anos atrás, foi espancada brutalmente e só sobreviveu por um milagre divino.

Kika é uma jovem muito bonita e desperta inveja nas colegas da escola, pois chama atenção dos meninos e meninas. Desde que a moça ganhou o concurso Miss Guarulhos Juvenil todas as suas relações pioraram consideravelmente e agora com o seu desaparecimento misterioso só foi possível encontrar rastros de sangue e um colar que estava no seu pescoço.

“Aquele Miss Guarulhos Juvenil é um castigo na vida dela. Na sala, é um absurdo o que ela tem que enfrentar. E ela aguenta tudo quieta. Meu medo é isso explodir."

A narrativa é apresentada como um livro reportagem e é tão bem escrito que ficção e realidade se misturam com maestria. Eu cheguei a procurar se o caso era verdadeiro, e apesar das cidades citadas e parques serem reais, a história é ficção. Na obra, a história é contada por Sarah, que viveu no contexto da época, sendo colega de sala da jovem Kika e anos depois se tornou jornalista.

A história é separada por cores, sendo: páginas normais, cinzas e pretas. Essa separação é bem importante para entendermos o tempo e acontecimentos da obra. Uma grande sacada!

Primeiramente, queria parabenizar o escritor Victor Bonini, pela escrita maravilhosa, e confesso que ele foi o primeiro autor, entre nacionais e estrangeiros, que me deixou boquiaberta com o final, pois geralmente todas as minhas teorias são as corretas. Simplesmente inacreditável!

A diagramação da Faro Editorial está impecável e nas páginas do livro podemos encontrar mapa do Parque CECAP, Trechos de notícias dos jornais locais, fotos diversas, bilhetes, posts de redes sociais, laudo do Instituto Médico Legal e anexos do inquérito policial dando veracidade ao formato de reportagem.

Diante tantos suspeitos, mistérios, mortes, segredos e mentiras, a chegada do detetive Conrado Bardelli, se torna uma peça fundamental para o fechamento do caso. Inúmeros questionamentos são feitos e quando deduzia ter achado o fio da situação todas minhas teorias caiam por terra, como uma simples nuvem de poeira. Eis o motivo de o livro ter esgotado em sua primeira edição, logo após o lançamento.

Por fim, o escritor Victor Bonini me conquistou e a obra é digna de se tornar série de TV tamanha perfeição. E o final? Meu Deus! Ainda estou no processo de digerir! E a frase “Qual a arma mais letal do mundo? Os segredos das pessoas”, nunca fez tanto sentido como agora!




07 março 2019

[Resenha] | A Casa Soturna | Charles Dickens | Editora Nova Fronteira




A obra “A Casa Soturna” é considerada o romance mais perfeito de Charles Dickens e nos apresenta questões jurídicas inglesas, vida e sociedade do século XIX, na Inglaterra. A lentidão do sistema jurídico começa com o caso Jarndyce e Jarndyce que causa uma grande reviravolta, com inúmeros recursos, brigas e disputas, gerando “ódios lendários”.

“Jarndyce e Jarndyce bezoa. Essa questão de má morte tornou-se, com o correr do tempo, tão complicada que nenhuma criatura viva sabe o que ela significa. As partes compreendem-na ainda menos. E tem sido observado que basta que dois advogados comecem a conversar a respeito dela para logo, cinco minutos depois, chegarem a um desentendimento total a respeito de todas as premissas”.

Dickens nos deixa claro que os herdeiros e as próximas gerações são partes no caso, e mesmo que não saibam os reais motivos, brigam loucamente. O caso se tornou épico pela disputa da propriedade, rivalidade, orgulho ferido e um grande embate na guerra de egos.

A jovem Ester Summerson é uma das protagonistas, órfã e após atingir a maioridade se torna administradora da Casa Soturna. Ela estabelece uma relação maternal com Ada e segredos eram confidenciados. Um dos pontos altos da obra é a narrativa de Ester sobre sua doença e a preocupação que ela tem para com os outros, simplesmente deixando-a em segundo plano.

“Se o segredo que eu tinha de conservar fosse o meu, teria sido meu dever confiá-lo a Ada logo depois que nos encontramos. Mas ele não me pertencia e percebi que não tinha direito de contá-lo, nem ao meu tutor, a não ser que surgisse alguma grande emergência”.

A escrita de Charles Dickens é fenomenal, pois a obra apesar de grande não é empecilho para devorar cada página. Ele transformou um texto com uma alta carga dramática em uma incrível sátira em relação à sociedade inglesa, a lentidão da justiça e das diferenças sociais. O final é bem revelador e é incrível como nossa protagonista tem um nível de controle emocional e bondade de dar inveja para qualquer ser humano.

Fiquei pensando se Dickens estivesse vivo e escrevesse sobre a nossa sociedade, o que ele iria dizer? Eu creio que seria uma grande decepção ver o tamanho dos desníveis sociais, a impunidade dominando nosso país e a morosidade do nosso sistema judiciário. Já leram Charles Dickens? 



03 março 2019

[Resenha] | A DÍVIDA: Heitor (Série Turbulência Livro 1) | Lani Queiroz




A obra “A dívida” aborda a história de Heitor Camargo Maxwell, que é CEO do conglomerado brasileiro de linhas aéreas, HTL Ocean Airlines. Após um antigo parceiro de negócios lhe dá um desfalque de milhões, Heitor vê a oportunidade perfeita de se vingar e cobrar a dívida de uma forma nada convencional. Ele decide casar com a filha mais nova do homem desonesto para que a mesma gere o seu futuro herdeiro.

Heitor exige que Sofia mude para sua casa assim que completar dezoito anos e que deixe todos os seus sonhos. Ela será a sua esposa e terá que acatar todas as vontades do marido, porém a jovem não aceita as imposições e se faz ser ouvida. Apesar de ter prometido que durante o convívio com o marido seria como um iceberg, ela se derrete apenas com o olhar de Heitor e fazem sexo loucamente.

“Meu Deus. Eu pingo, latejo com seu tom, sua expressão presunçosa. Seu cheiro me embriagando, me deixando entorpecida. Coloco as mãos em seu peito, querendo que recue e ao mesmo tempo suplicando silenciosamente para que faça comigo o que tiver vontade. É humilhante me sentir tão impactada por esse homem”.

Lani cria de forma brilhante uma relação entre Sofia e Heitor que atinge o céu e o inferno numa velocidade alucinante. Uma relação de amor e ódio que para alguns pode ser vista como um relacionamento totalmente abusivo, mas creio que desde que a personagem se sinta confortável e com a libido a ponto de se tornar o próprio vulcão humano, seja prazeroso para ambos.

Os personagens secundários são ótimos e cada um representa dentro da história o seu papel com maestria. As vilãs Vera, Marcela e Soraia são umas pestes e qualquer corretivo que tenham da vida, ainda é pequeno perante o que representam. Os irmãos de Heitor são fogo na roupa e apesar das diferenças de comportamento se assemelham em muitos aspectos, principalmente no quesito safadeza. Já a vovó Magnólia é uma verdadeira dama, inteligente, articulada e que dá vontade de deitar no colo e ver o dia passar sem a loucura de olhar para as horas, simplesmente encantadora.

As reviravoltas na história ocorrem de uma forma tão inesperada que dá ainda mais vivacidade e realidade para a obra. Só quem ler conseguirá compreender o turbilhão de sentimentos que a narrativa contém.

Indico para todos os amantes de obras polêmicas, com cenas fortes, sexo selvagem e linguagem nua e crua. A leitura é densa, algumas vezes impactantes e com gostinho de quero mais!