27 novembro 2019

[Resenha] Contos do Avesso | Fernanda Bittar | Editora Paratexto



A obra “Contos do Avesso” aborda 22 contos que narram deliciosas vivências cotidianas sobre amor, amizade e experiências familiares, exploradas de maneira crua e direta, fazendo com que o leitor transite entre o real e o imaginário. Conto após conto, o leitor é estimulado a diferentes reações: surpresa, emoção, vergonha, pena.

A escritora Fernanda Bittar me surpreendeu com a qualidade dos contos reunidos, pois são histórias interessantíssimas e que aguçam a nossa curiosidade para o desfecho de cada um deles.

Bittar tem uma escrita fluída, direta, forte, com um português impecável e que leva o leitor a desejar que o livro não termine. As ilustrações da obra são belíssimas e casam perfeitamente com a narrativa. O ilustrador é Paulo Talarico e está de parabéns pelo trabalho entregue.

Os contos são os mais variados possíveis e tão reais que podem estar acontecendo nesse exato momento ao seu lado, já pensou? Vários sentimentos perpassaram por mim durante a leitura, como: riso frouxo, reflexões, susto, indignação, surpresa e pena.

De todos os contos lidos alguns foram os meus preferidos, sendo: O casamento; A prima do Abílio; O chefe da Bia e Clube do tricô. Mas sem dúvida alguma “O casamento” tocou meu coração e compreendi o motivo dele ter sido premiado no concurso “Nelson Rodrigues, 100 anos de aventura”, organizado pela UNESCO, Universidade Sorbonne Nouvelle Paris III e Consulado-Geral do Brasil em Paris, em 2012.

Por fim, a obra foi publicada em papel pólen bold, tipologia Palatino e Alex Brush. A diagramação, ilustrações e capa formam o belo conjunto da obra, pois o trabalho realizado pela Editora Paratexto foi cuidadoso e super indico para quem deseja ler contos variados e aos avessos literalmente. Já conheciam a obra? Você já presenciou alguma situação inusitada que daria um conto? Me conta nos comentários!





25 novembro 2019

[Resenha] Românticos incuráveis: quando o amor é uma armadilha | Frank Tallis | Faro Editorial



A obra “Românticos incuráveis” aborda as experiências vividas por pacientes que ultrapassaram a barreira da normalidade no consultório de um psicoterapeuta. Algumas pesquisas científicas nos mostram que quando o assunto é ‘estado de amor’ perdemos o limite do que é certo ou errado. Frank nos apresenta 12 histórias distintas, como: da mulher que se apaixonou perdidamente pelo seu dentista e o perseguiu até que ele precisou mudar de país; ao rico empresário, casado há mais de 30 anos, que gastou toda sua fortuna com mais de 3 mil prostitutas; à linda garota com um ciúme tão doentio que afastou todos os homens da sua vida; e muitos outros casos.

Frank Tallis é especializado em transtornos obsessivos e abrilhanta a obra com sua vasta experiência em atender pessoas totalmente diferentes. O autor consegue passar de uma forma bem direta como os personagens se sentem ao contar sobre os problemas vividos, porém na  busca das soluções eu achei a narrativa falha.

Por se tratar de um livro de não ficção podemos verificar que as pessoas enlouquecidas de amor são mais reais do que pensamos. Deitadas sobre o divã inúmeras histórias são contadas e algumas totalmente distorcidas da realidade.

Tallis colocou muitas explicações técnicas e creio que acabou não dando o real enfoque aos pacientes dentro do consultório. Eu esperava que todas as histórias fossem atreladas dentro do que ocorria na relação terapeuta/paciente, mas as inúmeras informações adicionais quebrou o romance no que tange a parte terapêutica, como por exemplo, ao citar religião e termos usados por médicos (psiquiatras e neuros).

“A vida é um empreendimento precário e o amor é seu ingrediente essencial. À medida que envelheço, acho salutar lembrar a mim mesmo desses truísmos com regularidade cada vez maior. Nós humanos, parece-me, tendemos a nos esquecer do óbvio.” 

Os temas abordados são fortes como: obsessão, delírios, compulsão, toc, loucura, ciúmes, desinibição e outros. Infelizmente, algumas histórias relatadas por pior que fossem chegaram a ser engraçadas e outras totalmente repulsivas, porém quem somos nós para julgar os mistérios da mente humana?

Apesar de o livro ser sobre um tema que eu amo e também pela minha formação, não fluiu como eu gostaria. Claro que não é possível um terapeuta contar em 12 capítulos as histórias vivenciadas por ele, mas senti falta das soluções ou andamentos delas. Então, leia e tire as suas conclusões, pois loucos todos somos um pouco em algum momento da vida. Não acha?






14 novembro 2019

[Resenha] Marcy: Conto | Flávia Cunha



O conto “Marcy” nos mostra um animado paralelo entre sexo e café! A personagem Marcy está decidindo sobre o seu futuro e mergulha em uma pequena viagem ao seu passado.

Flávia nos brinda com um divertido conto "quente", "forte" e "encorpado" como um bom café deve ser!

“Quando tudo está perfeito, é por que algo ruim vai acontecer! Sim, esta é uma visão extremamente pessimista da vida, mas depois de tudo que já havia passado era sua maneira de ver a vida”.

A forma que a Marcy compara suas conquistas sexuais e relacionamentos com um tipo diferente de café é uma mistura divertida e sensual.

A personagem conta suas aventuras enquanto os capítulos são intercalados com receitas que levam café como ingrediente. Já no começo do livro a autora convida para uma xícara de café com uma receita super fácil. Como resistir?

"Há um bom tempo descobrira que se importava mais com suas estrias e celulites do que seus namorados. E seu corpo não estava mal. Tinha 1,65m de altura e seu corpo poderia ser descrito como generoso."

Sensual, envolvente e criativo! Uma ótima pedida para quem está procurando uma leitura rápida, sem dramas e divertida. Que tal testar as receitas com aquele cara que faz seu corpo tremer?










07 novembro 2019

[Resenha] O farol e a tempestade: e se a vida lhe desse uma segunda chance? | Romulo Felippe | Novo Conceito



A obra “O farol e a tempestade” nos conta a história do autor best-seller Samuel Jones que vive recluso em uma remota ilha do Atlântico Norte. Ele se fechou para o mundo após perder a família em um acidente. Porém, o seu exílio é quebrado quando uma bola de fogo risca os céus diante de seus olhos no meio de uma tempestade. A fotógrafa nova-iorquina Anne Crawford sobrevive ao desastre aéreo e é resgatada justamente pelo escritor, quebrando a solidão da Ilha Farethon e de seu farol secular. Corações despedaçados e vidas seladas por tragédias marcam os personagens.

Primeiramente, sou suspeita para falar da obra, mas precisamente devido ao fato que foi uma das melhores leituras que fiz em 2019. O escritor Romulo Felippe consegue mexer com todas as emoções do leitor e quando você pensa que algo não pode ficar pior, fica!

O livro já começa com uma alta carga emocional e nos mostra que nada está 100% resolvido, pois em milésimos de segundos é possível transformar a treva em uma linda luz.

“Anne cai de joelhos na areia esbranquiçada, com as mãos comprimindo a testa e lágrimas inundando seus olhos tão azuis quanto o próprio mar caribenho. Antes de gritar, solta um gemido não pela enxaqueca, mas por não se lembrar de absolutamente nada em sua vida. Esse bloqueio de informações torna sua mente uma caixa vazia e inútil. Sam a segura pelos braços, acudindo-a em um momento de desespero.”

Com a chegada de Anne na ilha de forma nada convencional, o escritor Samuel vai lentamente se soltando e vão aprendendo juntos a colarem os cacos que restaram dos corações quebrados. Paralelamente, a história do casal na Ilha Farethon, o pai de Anne com a equipe de busca procura desesperadamente por ela junto ao ex-marido.

Eu não posso contar muito sobre a narrativa para não dar spoilers, mas afirmo categoricamente que as reviravoltas são de causar arrepios, espanto e para alguns lágrimas irão cair.

Por fim, fiquei apaixonada pela escrita do autor, pela ambientação da obra, pelo gato Charles e por toda a narrativa envolvente. Por várias vezes desejei estar na Ilha Farethon ou dentro do Farol. O romance nos ensina a ter fé, resgatar a esperança, se libertar de amarras do passado e caminhar rumo à luz. A lição principal que tiro com a leitura é que todos nós não somos donos do destino e que quando o Universo conspira só nos resta aguardar o ato final. A Novo Conceito está de parabéns pela linda capa, diagramação impecável, ilustrações maravilhosas e fonte excelente para a leitura. Eu escolho seguir rumo ao Farol e você o que faria se a vida lhe desse uma segunda chance?