19 maio 2019

[Resenha] | Deixada para trás | Charlie Donlea | Faro Editorial



A obra “Deixada para trás” aborda a história das colegas do Ensino Médio, Nicole Cutty e Megan McDonald, que estudam em Emerson Bay, em Carolina do Norte. As jovens desaparecem durante uma festa na praia e quando todos estão perdendo a esperança que elas apareçam, Megan surge milagrosamente.

Megan um ano após o sequestro se tornou uma celebridade nacional, pois escreveu um best-seller contando os momentos de horror que viveu no cativeiro, mas vários detalhes foram ocultados, principalmente os que envolviam a jovem Nicole que ainda estava desaparecida.

“Essa entrevista só podia incluir os detalhes mais belos. As partes inspiradoras. A fuga heroica, o futuro brilhante e as garotas que, com certeza, seriam ajudadas pelo livro. A entrevista dessa manhã foi uma conclusão do drama de Megan McDonald e tinha de acabar com sucesso. Não podia incluir nenhum elemento desagradável que ainda perdurasse a respeito daquele verão. Sobretudo aceca de Nicole.”

Do outro lado da trama temos a personagem Lívia, que é aluna de patologia forense e irmã mais velha de Nicole. Ela espera um dia encontrar o corpo da irmã e descobrir a causa da morte, porém a chegada de um corpo ao necrotério causa uma reviravolta na vida de Lívia. A moça resolve por conta própria iniciar uma investigação traçando evidências com o passado de Nicole e pede ajuda de Megan para obter informações referentes ao dia do sequestro.

O escritor Charlie Donlea tem uma escrita singular, pois toda a narrativa é repleta de detalhes ínfimos. Ele consegue prender a atenção do leitor, implanta pistas falsas e provoca um turbilhão de emoções. Quando o leitor pensa que o raptor pode ser x, surge mais umas cinco opções de potenciais criminosos. E todas caem por terra.

Uma das partes que mais gostei na obra são as explicações técnicas sobre as mortes dos corpos que chegavam ao necrotério, como: relatórios da autópsia, dissecações dos cadáveres, análise de cada detalhe no corpo, exames laboratoriais e a chegada da conclusão da causa mortis.

A diagramação do livro está maravilhosa e dividida em partes que remetem ao presente e ao passado, sendo as partes mais escuras lembranças das personagens, ajudando o leitor traçar o elo temporal da narrativa. Obra indicada para quem gosta de uma boa dose de suspense com uma pegada policial bastante interessante. 


[Resenha] | O Lado Obscuro | Tarryn Fisher | Faro Editorial



O livro “O Lado Obscuro” conta a história da escritora Senna Richards que teve seu livro na lista dos mais vendidos do New York Times e que virou filme, porém no dia do seu aniversário acorda em um lugar estranho e não era o seu quarto. Em meio a uma tempestade de neve ela decide buscar a saída e descobre que estava presa em uma cabana junto com Isaac. Isaac fez parte da vida de Senna em vários momentos turbulentos que ela enfrentou durante a sua vida.

A obra começa densa e ao ler compreendi o motivo dela ser considerada a mais visceral de Tarryn Fisher. Foi a minha primeira experiência com a autora e gostei da forma na qual ela abordou toda a construção textual. É possível sentir todas as emoções, perpassar por todos os ambientes e compreender todos os porquês que cercam a nossa personagem.

Eu confesso que o “cativeiro” foi o mais louco que já pude imaginar e só quem ler poderá compreender o que estou afirmando. Senna e Isaac temiam que o pior pudesse acontecer, sentiam medo, frio intenso, fome, sede e os jogos do raptor estavam se tornando cada vez mais perigosos.  Senna apelidara o raptor de Guarda do Zoológico devido aos enigmas que eram deixados na casa e por estarem presos por meses a fio. Um jogo de frieza que era manipulado com inteligência e ousadia. Até que ponto o psicológico e o físico aguentariam tamanha desumanidade?

“A vida que você escolhe viverrrr é a essência do que você é. Eu sou um animal lutando pela sobrevivência. Nada mais, nada menos.”

Senna depois de tudo que enfrentou na vida desistiu de amar, desistiu da felicidade e desistiu de viver. Ela apenas sobrevivia! Com o sequestro ela descobre novos sentimentos e eles podem se tornar fatais.

O livro é uma mistura de romance, drama e suspense e irá levar você se questionar sobre vida, amor, perdão, superação e confiança. Indico para todos os leitores que gostam de obras fortes e com finais inimagináveis.



16 maio 2019

[Resenha] | Jogos Malignos | Angela Marsons | Editora Gutenberg


A obra “Jogos Malignos” nos convida a entrar na mente de um sociopata, desvendar segredos de uma rede de pedofilia, lidar com marcas profundas, superar os medos e jogar conforme as regras ou com a falta delas.

O livro começa acelerado com uma grande operação policial que ocorre em Black Country, no ano de 2015. A detetive Kim Stone e a sua equipe estão de prontidão para prender o pedófilo Leonard Dunn, por suspeita de manter relações sexuais, abuso sexual infantil e de compelir uma criança a envolver-se em atividade sexual. Detalhe as crianças são filhas de Dunn!

"A emoção agarrou a garganta de Kim. Queria arrancar os olhos daquilo, mas não podia. Fingiu para si mesma que era possível impedir o que estava prestes a acontecer - mas é claro que não podia, pois já havia acontecido."

Paralelo ao caso da rede de pedofilia, temos os jogos malignos de um sociopata, o corpo de um estuprador mutilado, pessoas emocionalmente abaladas e muitas dúvidas para Kim Stone montar as peças fundamentais dos casos.

“Estava na hora de começar a cutucar umas onças com vara curta. Alguém tinha mais informação do que deixava transparecer. Era hora de arrancá-las à força.”

Stone fica na mira do sociopata que se encanta com sua agilidade, destreza e firmeza perante os casos, porém nota também fragilidade na detetive e isso coloca a vida de Kim em perigo. Ela terá que superar todos os seus traumas, lutar contra a sua mente e encarar o jogo como a única chance de viver.

Angela Marsons vendeu mais de três milhões de livros no mundo e se tornou uma escritora destaque do gênero policial. E é impossível começar o livro e não finalizá-lo, pois a combinação dos jogos psicológicos com segredos e mistérios nos assassinatos torna a narrativa explosiva.

A mente humana é algo sublime e complexa e ninguém detém total poder sobre os atos das pessoas, pois você escolhe o game over que deseja, seja maligno ou libertador. 



[Resenha] | Mistérios da bússola azul | Cláudia Pucci Abrahão | Presságio Editora

                                                RESENHA POR THAIS DORIA


Marina vive com as marcas e as lembranças do 'acidente' de 10 anos atrás, quando era uma sonhadora jornalista que lutava pelas comunidades ribeirinhas do Vale da Retina contra a criação de Usinas Hidrelétricas de Viramundo. Durante todo esse tempo ela tentou se afastar das pessoas da comunidade e não se lembrar do que viveu, mas após ouvir uma certa canção, um turbilhão de sentimentos e sensações a envolve, e a moça sente que precisa voltar ao vale das Pinhas. Voltar para o lugar que ela tanto lutou para salvar, o lugar onde amou e perdeu muito.

"Tem Coisa que é tão delicada que tem que ser preservada para não evaporar.”
Eu demorei muito para entender essa história, até os 10% iniciais a sensação que eu tive era de estar totalmente perdida. Também não consegui visualizar mentalmente a parte sobrenatural do livro, mesmo relendo várias vezes as passagens. O livro é poético e cheio de metáforas, principalmente quando descreve as partes mágicas.

"Não tente controlar ou entender tudo, o importante é buscar micro objetivos possíveis para o aqui e agora.”

Um ponto positivo da obra é o fato de abordar o problema da construção de usinas e como isso afeta a população. Na história vemos que as pessoas que vão contra a essa construção, são expulsas de sua terra, sofrem 'acidentes' ou 'somem'. Eu nunca havia lido uma obra que abordasse esse tema, e durante a leitura lembrei muito do caso de Brumadinho-MG, onde muitos homens e animais morreram. Toda área foi destruída ao ponto de ficar irreconhecível, tudo pela irresponsabilidade e ambição humana, sem pensar nas consequências para a população.

No livro entendemos bem isso, a vida de um ribeirinho e sua terra pouco importa para as empresas, o importante mesmo para eles é o poder e o dinheiro. Muito triste, mas o que a autora nos mostrou é a pura realidade.

A história em si é incrível, mas acho que a autora pecou no desenvolvimento, em certos momentos a leitura não fluiu e ficou monótona. Espero que nos próximos livros a narrativa seja mais objetiva. Indico ao leitor que tenha paciência e leia com calma prestando bastante atenção. Se aventurem nessa história e depois me falem suas considerações, vou adorar conversar com vocês sobre esse livro.



[Resenha] | Um Casamento Conveniente | Tessa Dare | Editora Gutenberg

                                                  RESENHA POR THAIS DORIA


O Duque Ashbury carrega horríveis marcas da guerra em sua pele. Seu rosto desfigurado assusta a todos que o veem. Após ser rejeitado por sua noiva, ele percebe que nenhuma mulher se apaixonaria pela monstruosidade que ele acha que se tornou. Com isso ele resolve escrever uma carta para o seu advogado com a ordem de que lhe arrume uma mulher que esteja disposta a casar com ele, já que ele deseja ter um herdeiro para o seu ducado. Antes mesmo que termine de escrever a carta, como uma ironia do destino, Emma Gladstone, entra em seu escritório cobrando a dívida do vestido de noiva da ex. Ash entende isso como uma oportunidade e faz a Emma uma proposta: Ela deverá se casar e deitar com ele todas as noites para engravidar e lhe dar um herdeiro, feito isso poderá ter sua própria casa e viver para sempre bem sem se preocupar com a parte financeira e principalmente não o verá mais. . .

"Você tem duas opções, Srta Gladstone. Posso lhe pagar duas libras e três xelins... ou posso fazer de você uma duquesa."

Essa leitura foi incrível, pois me tirou de um baita desânimo literário. O livro é divertido e empolgante do começo ao fim.  A história me fez lembrar A Bela e a Fera, que é o meu conto de fadas favorito.

Ash sofre com várias cicatrizes e queimaduras pelo corpo, ele se sente como um monstro e as atitudes dos outros quando o veem só reforçam nele esse sentimento. Emma vai ser essencial para ajudá-lo a superar a sua falta de autoestima. É lindo como durante o livro ele começa a perceber que pode ser amado.

 "Você só está deixando as pessoas verem um lado seu. Se pelo menos desse uma chance para que enxergassem além das cicatrizes…”.

Emma e Ash são um daqueles casais clichês que arrebatam o coração do leitor. Foi impossível não gostar e torcer por eles desde o início. Eu amei cada personagem, até mesmo os secundários, mas tenho que destacar as amigas de Emma. Elas são muito divertidas e fogem muito das personagens típicas de romance de época.

Estou ansiosa para os próximos livros e poder ler as histórias de cada uma delas. Tessa Dare é uma autora espetacular e indico para todos essa nova série. Tenho certeza que vão se apaixonar da mesma forma que eu me apaixonei pela obra.



08 maio 2019

[Resenha] | Primeiro e Único | Emily Giffin | Novo Conceito




Ao mesmo tempo em que amo escrever sobre bons livros, odeio a forma como tento resenhá-los, pois acho que nunca passam a profundidade do que senti... Neste romance da Emily Giffin o amor vem com tudo, chega em um momento difícil na vida de todos que estão ao redor de Shea e mesmo assim, o meu coração bateu forte por isso.

A autora em meio ao caos da vida da protagonista trouxe o amor verdadeiro de um jeitinho tão belo, mas tão belo que é fácil virar a página e aceitar quase tudo sem ficar brava (o).

Quando a protagonista, a mulher mais apaixonada por futebol americano e os Walkers me foram apresentados na leitura, senti logo de cara que iria gostar dela. Depois da etapa de me familiarizar fiquei brava e irei explicar o motivo.

A melhor amiga de Shea, Lucy, perdeu a mãe a pouco tempo, todos estão sofrendo com a dor, só que o destino de Shea lhe prega uma peça e faz seu coração bater por quem não deveria. O time Walker é o incrível time de futebol americano de sucesso entre a galera universitária e o treinador é o senhor Carr, ou melhor, Clive. Clive é o pai de Lucy, mesmo sendo quase que um astro, e realmente um ídolo de boa parte do povo. Mas sua doce filha não herdou o amor pelo jogo. Esse gostar e não gostar criou um abismo entre os dois que sempre deu a Shea mais amizade com o pai da amiga.

Shea foi acolhida pela família de Connie (senhora Carr), Clive foi o pai presente que não teve e jamais poderia reclamar de tudo o que fizeram para ela e sua mãe, mesmo sabendo de todo o amor que sente e sempre sentirá por eles não poderia deixar de notar que uma parte dela, em seus 33 anos estava sendo abalado por um amor difícil.

Ryan é o quarterback cobiçado dos Cowboys e esse lindo jogador apaixonado vai tentar conquistar o coração de sua colega de longa data. Parece que estudo estava prestes a se desmoronar, mas cada experiência serve para agregar algo mais na vida de todos e assim a Shea vai aprender sobre amar, sobre o amor verdadeiro, sobre amizade e principalmente sobre se amar e ser feliz.

Devorei esse livro como se fosse o último da face da Terra. Giffin conseguiu falar sobre o amor, julgamento, paternidade, agressão contra a mulher, independência feminina e muitas outras coisas. Tudo bem desenvolvido do começo ao fim que é para alertar cada leitor e tocar no coração qualquer um.

Uma leitura obrigatória para qualquer leitor de romance.




06 maio 2019

[Resenha] | A Lista do ódio | Jennifer Brown | Editora Gutenberg


O livro “A Lista Negra” foi relançado com o nome “A Lista do ódio” e a edição contém o spin-off Diga Alguma Coisa. Brown nos conta a história de Valerie Leftman e do namorado Nick Levil que abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Valerie ao tentar deter o namorado é atingida, mas antes acaba salvando a vida de uma das colegas que estavam na lista e que a maltratava.

Logo após o massacre na escola, Valerie acaba sendo responsabilizada devido à lista que ela ajudou a criar. Lista essa das pessoas e das coisas que Val e Nick odiavam.

Val passou o verão reclusa, em recuperação do ferimento e do grande trauma causado pela tragédia, e ela é forçada a enfrentar todos os problemas e voltar para a escola para concluir o Ensino Médio. Como será que os funcionários e colegas reagiram com a sua volta? Confesso que eu não teria a força de Val para voltar e sofrer julgamentos. As feridas estão expostas e a dor ainda é muito latente.

Jennifer Brown trás um tema denso, porém necessário ser abordado que é o bullying e que tem gerado inúmeros conflitos na nossa sociedade e no mundo como um todo.

Alguns dias antes que eu iniciasse a leitura houve o massacre em Suzano e ao iniciar a leitura recordações de outras tragédias vieram à tona, como: Realengo, Columbine, Goiânia, Sandy Hook e outros. O bullying pode ser destruidor e é de suma importância o diálogo familiar, o respeito entre as pessoas e o amor próprio para que massacres possam ser evitados.

“- Muitas pessoas morreram, Valerie. Seu namorado, Nick, as matou. Você tem alguma ideia do porquê? -, perguntou. Pensei naquilo. Em tudo o que eu recordara do que tinha acontecido na escola, nunca me ocorreu perguntar a mim mesma o porquê. A resposta parecia óbvia. Nick odiava aquelas pessoas. E elas também o odiavam. Era por isso. Ódio. Socos no peito. Apelidos. Risadas. Comentários depreciativos. Ser empurrado de encontro aos armários quando algum idiota metido passava. Eles o odiavam e ele os odiava e de algum modo acabou daquele jeito, com todo mundo morto.”
A obra é super indicada não apenas para crianças e adolescentes, assim, como para todas as famílias, escolas, educadores e políticos. O bullying fere, destrói e pode matar. “A Lista do ódio” é comovente, realista, forte, reflexiva e que quebra paradigmas, pois nos ensina sobre comportamento humano, julgamentos, superação e perdão.