25 julho 2019

[Resenha] | A gangue dos sonhos | Luca Di Fulvio | Vestígio



No romance “A gangue dos sonhos” o escritor Luca Di Fulvio nos apresenta a italiana Cetta Luminita, nos tumultuados anos 20 em Nova York. Após sofrer muito com a vida que levava a jovem, busca por dias melhores com o seu filho Christmas. Na metrópole o rádio está nascendo e o cinema começa a dar voz aos personagens. Christmas vai crescer entre gangues rivais, em um ambiente de pobreza e violência, porém a sua imaginação e a sua coragem são armas que ele utiliza para sobreviver e lutar diariamente em busca do seu lugar ao sol.

A obra é dividida em duas partes, com 70 capítulos ao total e quase 600 páginas de pura emoção. Ter a infância roubada da pior forma possível é algo devastador e não é fácil de digerir, mas Cetta teve uma força emocional gigante e o grande sonho de ser feliz. E Christmas cresceu com a esperança de uma nova existência.

“Christmas tinha crescido, ficado alto. E forte. Tinha uma cicatriz recente logo abaixo do olho esquerdo. E uma barba rala e malfeita aloirava suas bochechas. Usava um terno que muitos não teriam condições de comprar, porém amarrotado e sujo. No bolso direito, um canivete. No olhar, uma luz apagada, como que adormecida.”

Luca nos presenteia com um enredo maravilhoso, com os personagens bem distintos, muitas reviravoltas, encontros e desencontros. Foi o meu primeiro contato com a escrita do autor e posso dizer que foi surpreendente.

Durante a leitura por mais pesada que pareça ser pude sorrir com algumas passagens icônicas de humor. A obra retrata violência, estupro, prostituição, amor, amizade, superação, desprezo, preconceito, sucesso e esperança.

Di Fulvio singularmente nos leva a refletir sobre o que é ter a infância roubada, ser subjugado, a luta para vencer o racismo, a disparidade social e o ápice que é manter a integridade e gritar aos 4 ventos: EU VENCI!

Você conhecia a obra? O que acha de uma história que se desenrola  como um filme e que o aplauso final será o seu sorriso?



24 julho 2019

O Diamante do Sr. Cavell - Kathleen McGurl



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O Diamante do Sr. Cavell - Kathleen McGurl

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Sinopse:

1829 
O belo e bem-sucedido Henry Cavell, acaba de retornar à Inglaterra depois de servir ao exército na Índia, se instala na cidade de Worthing, em frente ao mar. Ele está de posse de um grande diamante, dado a ele na Índia, que promete dar à mulher que ama - quando encontrá-la.

Jemima Brown, uma jovem de dezesseis anos e de bom coração, passa a trabalhar para ele como criada de serviços gerais. Quando o Sr. Cavell a defende das atenções indesejadas de alguns trabalhadores que prestavam serviços em sua casa, percebe imediatamente o quanto ele é íntegro e respeitável.
Mas foi Caroline Simpson, filha de um desses trabalhadores de Henry, quem chamou a atenção dele. Podia ser socialmente inferior, mas era bonita, sabia flertar e como usar seus encantos. Ela manipula Henry para que se case com ela, e apenas a fiel Jemima sabe que ele fora enganado.
Como Jemima poderia lutar contra seus sentimentos crescentes pelo Sr. Cavell, manter sua moral e permanecer no emprego, apesar do comportamento cada vez mais errático de sua patroa?



23 julho 2019

[Resenha] | O homem que odiava Machado de Assis | José Almeida Júnior | Faro Editorial



O romance ficcional “O homem que odiava Machado de Assis” nos apresenta uma outra face de Machado de Assis. Pedro Junqueira e Joaquim Maria Machado de Assis são de origens diferentes, são obrigados a conviver por alguns anos quando crianças e no futuro o destino acaba os unindo em uma situação cômica para não dizer trágica. Do Morro do Livramento, passando por Portugal e pelo Rio de Janeiro do final do século XIX, nasce uma grande rivalidade pela qual vale dedicar a vida. Enquanto Machado de Assis é aclamado como um dos maiores escritores brasileiros, Pedro Junqueira é marcado pelo azar e pela usurpação.

José Almeida Júnior criou uma história magnífica. Ele cita vários escritores importantes da época, a ambientação se faz presente com maestria e o desenrolar da narrativa é tão interessante que leva o leitor a devorar a obra.

“Cheguei à Livraria Garnier no final da tarde. Havia uns cinco clientes folheando livros e conversando. Após o expediente, os intelectuais costumavam se reunir na livraria para falar sobre política, teatro, literatura e, às vezes, fazer mexericos da sociedade carioca.”

A obra é narrada em primeira pessoa sob o ponto de vista do personagem Pedro Junqueira e é nítido o ódio que ele nutre por Machado de Assis, pois ele não teve apenas as suas ideias roubadas, oportunidades perdidas, mas também perdeu o seu grande amor, Carolina.

Júnior se utiliza da linguagem padrão da época com um português muito bem aplicado. Ele também cita vários fatores históricos importantes e acontecimentos, como: surto de sarampo, tuberculose, notícias escritas com pseudônimos, prostituição, adultério, escravidão, Lei do Ventre Livre, Movimentos abolicionistas, Abolição da escravatura e o mais importante a meu ver que é o preconceito. O preconceito naquela época era tão nojento, porém era escancarado e hoje ele é velado. Sinceramente não sei dizer qual é o pior...

Durante a leitura senti vontade de dar “uns tapas” em alguns personagens. Pedro Junqueira por vezes mimado e com um amor platônico por Carolina; Machado com o seu tom irônico por vezes frio e arrogante e, Carolina perdida no triângulo amoroso e que se encontra mais sem direção que os outros dois.

Por fim, como amante dos livros de Machado de Assis, o escritor José Almeida me deixou intrigada e com alguns elos da narrativa, já não sei dizer o que de fato é real ou fictício. Não é à toa que ele é vencedor do prêmio Sesc de Literatura e finalista do prêmio Jabuti. Será “Dom Casmurro” um livro autobiográfico?





[Resenha] | A Aposta | Marta de Miranda | Editora Coerência



A obra “A Aposta” nos conta a história de Anthony que retorna a sua cidade natal para assumir os negócios do seu pai. Ele tem o coração fechado para o amor e fez uma promessa a si mesmo de não se casar ou de se envolver seriamente com uma mulher, porém tudo muda rapidamente quando o jovem conhece Valentina. A moça tem um sorriso encantador e possui uma constelação de sonhos. Quando tudo parece perfeito, eis que a vida apresenta segredos e surpresas reveladores que pode mudar todo o rumo da história.

Marta de Miranda tem uma escrita tão doce, fluída, envolvente que ajuda a curar qualquer resseca literária ou dia ruim, pois ela nos ensina que o sorriso sincero, um coração puro e um abraço singelo pode mudar o dia de uma pessoa. E aprendemos muito na obra com a inocência e inteligência da personagem Valentina.

“Viu os olhos de Anthony pousados nela através do espelho interno do carro e deu um sorrisinho. Sentiu seu rosto queimar pelo modo que ele a olhava. Havia calor no brilho dos olhos dele e ela se sentiu atraída com aquilo. Ele a tinha defendido, por isso seria infinitamente grata.”

Os temas abordados por Marta são ótimos para a construção da narrativa, como: amor, amizade, tentativa de estupro, descobertas, segredos, mentiras, simplicidade, decepção, aposta e perdão. Tudo intenso e apaixonante!

"Valentina sempre sorria. Se estava feliz, sorria. Se estava triste, sorria. Se estava nervosa, sorria. E o seu sorriso a tornava especial. Quem a via nunca imaginava por quanta dificuldade já havia passado."

O que falar de um livro que aquece o seu coração e que te faz transbordar de amor? Esses foram os meus sentimentos ao finalizar a obra. Valentina mesmo com inúmeras dificuldades vê o melhor das pessoas e do mundo que a cerca. Um romance que com a sua simplicidade nos enche de lições e esperança.

A diagramação está maravilhosa, a fonte ótima para leitura, a capa fofa que remete a nossa personagem e impressão em papel pólen soft. Indico para os amantes de romance com uma pitada de drama, porém rico de sentimentos e valorosas lições.

Quando você estiver triste, simplesmente, deite na grama e contemple as estrelas, pois o céu é todo seu! Sorria sempre e emane amor!




22 julho 2019

[Resenha] | Da liberdade individual e econômica: princípios e aplicações do pensamento liberal | John Stuart Mill | Faro Editorial



A obra “Da liberdade individual e econômica” aborda a base para o pensamento político liberal, o debate o conceito de liberdade e exalta a individualidade, a diversidade e a inconformidade, como comportamento saudável das civilizações.

John Stuart Mill é considerado um dos pensadores mais influentes do século XIX e também um dos mais proeminentes e reconhecidos defensores do liberalismo politico. As suas obras ainda são atuais e fontes de pesquisas para vários meios acadêmicos.

“A única liberdade que merece o nome é aquela que busca o nosso bem à nossa maneira, desde que não procuremos privar os outros da sua ou impedir suas iniciativas de alcançá-la. Cada um é o guardião adequado da sua própria saúde, seja ela corporal, mental, ou espiritual”.

Mill era um pensador extremamente inteligente e seus ensaios deveriam ser tratados como a luz do mundo, pois são pensamentos atuais, necessários e firmes. Ainda tem pessoas presas em crenças ultrapassadas e que não aceitam o novo.

“Admito plenamente que o dano que uma pessoa causa a si mesma pode afetar seriamente, por meio de suas afinidades e de seus interesses, aqueles que se relacionam intimamente com ela e, em menor grau, a sociedade em geral. Quando a pessoa, por esse tipo de conduta, é levada violar uma obrigação definida e atribuível a outra pessoa ou outras pessoas, o caso é removido da categoria pessoal e se torna passível de desaprovação moral no sentido próprio do termo”.

“Da liberdade individual e econômica” é um livro reflexivo indicado para estudantes, leitores que gostam de liberalismo, política, governo, ciências sociais e que gera ótimos debates nas sociedades democráticas.

John Stuart foi o primeiro pensador a destrinchar o papel da autoridade social e a soberania individual. E vocês já leram alguma das obras de John Stuart Mill e o que acham do princípio da liberdade individual e econômica?


   

[Resenha] | A síndrome do imperador: pais empoderados educam melhor | Leo Fraiman | Autêntica Editora e FTD



Com a obra “A síndrome do imperador” Léo Fraiman tem o objetivo de orientar os pais no que tange a educação dos filhos mostrando que a família é a base essencial da formação humana. Pais e educadores devem se unir fortalecendo as alianças e traçarem juntos os caminhos inspiradores para o futuro das nossas crianças e jovens. O escritor nos apresenta ainda mais de cem dicas práticas para contribuir com a educação dos filhos.

Na nossa sociedade atual muitas famílias tem perdido o controle da educação dos filhos, pois não há divisões de tarefas, atitudes colaborativas, diálogo, respeito, hierarquia familiar e companheirismo. Temos que mudar esse cenário antes que ele acabe de vez com o verdadeiro conceito de família.

“É na hora do fogo que se revela o ouro. E você? É feito de plástico, que derrete, ou de ouro, que pode ser lapidado infinitas vezes?”

O aumento significativo da violência entre crianças e adolescentes, depressão e suicídio tem assustado, pois grande parte dos pais entrega a “responsabilidade” do educar para a escola e professores e se esquecem de que eles são a base da pirâmide da formação do caráter dos jovens. Gritar com os filhos o dia todo ou ter audição e visão seletivas para alguns atos não significa que sejam pais empoderados e sim mostra um total descompromisso com o ato de educar.

“Pequenos imperadores e imperatrizes não desenvolvem disciplina justamente porque foram ensinados a acreditar que o mundo é que deve se ajustar a eles, e não o contrário. Existe, então, uma grande chance de ocorrer o seguinte: filhinho mimado, adolescente folgado, adulto desempregado, pai desesperado, avô endividado. Pais que não ensinam aos filhos que no mundo há regras, limites, parâmetros e hierarquias acabam os afastando da chance de formar um caráter autônomo e empreendedor e por isso eles podem se tornar pessoas à deriva na sociedade e no mundo do trabalho”.

Fraiman nos apresenta após a conclusão da obra excelentes infográficos e um completo caderno de atividades que ajudará os pais de forma prática desenvolver junto aos filhos competências importantes e no resgate de valores perdidos nas relações familiares. As ilustrações estão perfeitas e abrem cada capítulo com maestria.

Por fim, o futuro dos nossos jovens é extremamente preocupante, pois estamos criando uma geração frouxa, ansiosa, insegura, sem limites, que querem tudo na mão e que não sabem ouvir a palavra NÃO e para completar são inaptos para enfrentar os problemas internos e muito menos os externos. É obrigação dos pais/responsáveis impor respeito e não medo. Os pais precisam aprender que a responsabilidade de educar os filhos pertence a eles e não ao mundo. Precisam colocar regras, limites, obrigações diárias e atividades colaborativas. Afinal, mar calmo nunca formou um bom marinheiro, não é mesmo?




11 julho 2019

[Resenha] | Onde mora o coração | Jill Shalvis | Faro Editorial



Na obra “Onde mora o coração” nos apresenta Willa Davis, dona de um pet shop e realizada no âmbito profissional, porém no quesito amor a coisa anda lentamente, como passos de tartaruga, até que o destino resolve pregar uma peça e trás Keane, o jovem que partiu o seu coração na adolescência. Ele também anda desiludido no que tange o amor e quando sua tia-avó o incumbe da tarefa de cuidar de sua gata, o rapaz decide procurar uma especialista no assunto e vai até a loja de Willa. O destino joga suas cartas e não será fácil a jogada, pois ambos estão fechados para o amor.

Jill Shalvis tem uma escrita muito gostosa, leve, fluída, sensual, apaixonante, que nos concede boas risadas e com um romance que aquece nosso coração. Foi a minha primeira experiência de leitura com a autora e fiquei encantada com os personagens, Willa, Keane e a gata Petúnia. Os personagens secundários são cativantes e possuem um grande diferencial para a narrativa.

“Willa suspirou. Os sentimentos que nutria por Keane naquele momento estavam entrando em conflito com os sentimentos que nutria pelo Keane que havia conhecido no passado; se ela mesma não conseguia entender o que estava acontecendo, como poderia explicar para outra pessoa?”

Shalvis construiu toda a história com uma ambientação impecável e com temáticas centrais importantes, como: amizade, amor ao próximo, superação, perdão e fidelidade perante os animais que cuida, funcionários e amigos.

"Isso não iria acontecer. Willa não permitiria. Não aqui, não com Keane; ela sabia, por experiência própria, que quando o pit bull que era o seu coração fechava a mandíbula sobre alguma coisa, só um milagre podia soltá-la".

A obra me arrancou boas risadas quando entrava em cena a gata, Petúnia. Keane a tinha como uma terrorista em forma de pelo e chegou a chamá-la de anticristo quando ela rasgou todo o colchão, atacou todas as coisas que estavam na mesa, fez um cocô enorme em cima dos tênis de corrida, destruiu o laptop, tablet e telefone tudo ao mesmo tempo. Um amor de gata!

Se você pensa que esse é um romance estilo água com açúcar, se enganou. O casal irá incendiar a história e acenderá várias fogueiras com as brasas apagadas.

Indico a obra para todos os leitores que gostam de um bom romance, com pitadas calientes, animais de estimação, amizade, uma boa dose de humor e escolhas que podem mudar vidas. Você daria uma segunda chance para o destino e perdoaria alguém que te quebrou no passado? 





10 julho 2019

[Resenha] | O parto é da mulher! : guia de preparação para um parto feliz| Cristina Balzano | Editora Gutenberg



A obra “O parto é da mulher!” nos apresenta o conhecimento teórico e prático da obstetriz Cristina Balzano. Devido a sua ampla experiência acumulada em mais de mil partos atendidos, reuniu as informações em um guia de preparação para um parto feliz, pois a mulher é a protagonista desse momento especial e cabe a ela decidir qual tipo de parto pretender ter.

O guia aborda temas, como: anatomia do parto; o papel dos hormônios; yoga; tipos de parto; plano de parto; doula; liberdade de escolha; humanização do parto; papel do pai no parto; amamentação; hipnose no parto; homeopatia no parto; violência obstétrica; recomendações da Organização Mundial da Saúde; lista com locais de encontro de gestante; grupos de apoio e outras informações de extrema importância para todo o processo.

“Em poucas palavras, estar bem informada fará do seu parto uma experiência enriquecedora, que marcará o nascimento não só do seu filho, mas também o de uma nova mulher: você!”


Cristina Balzano desmitifica a gestação, o parto e o puerpério de uma forma totalmente ilustrativa que ajudará todas as grávidas a entenderem as mudanças no seu corpo e ter uma gestação saudável.

No capítulo que apresenta os tipos de parto, achei extremamente importante. Ler os mais variados depoimentos em cada um dos nove tipos de parto foi um momento único.

No livro o terapeuta familiar Alexandre Coimbra mostra a importância do pai em um parto humanizado, pois possibilita o resgate do direito de viver emoções arrebatadoras e firmar a união familiar.

“O pai pode parir um novo homem em si, basta entregar-se à avalanche tectônica do tempo que transcorre entre a primeira contração e o nascimento do bebê.”


Por fim, indico a obra para todas as futuras mamães, para aquelas que acabaram de ter o bebê e para os papais, por ser um livro rico e totalmente explicativo. As ilustrações de Anne Pires são maravilhosas e acrescentam muito ao guia. Quem já é mãe me conta qual foi o tipo de parto escolhido. O meu foi uma cesárea e infelizmente, não tive o poder da escolha. Você acha importante poder escolher?








09 julho 2019

[Resenha] | Sangue Frio (Detetive Erika Foster #5) | Robert Bryndza | Editora Gutenberg



Em “Sangue Frio” uma mala contendo o corpo desmembrado de um homem aparece às margens do rio Tâmisa e Detetive Erika Foster fica chocada, porém duas semanas antes, o corpo de uma jovem foi encontrado em um mala idêntica àquela. Com as investigações seguindo a todo vapor, Erika e sua equipe, percebem que estão no rastro de um serial killer. O número de corpos aumenta e o caso se torna mais grave com o sequestro das filhas gêmeas do Comandante Marsh, colega de Erika. Uma caçada eletrizante que irá percorrer suas veias antes que o seu sangue congele!

Robert Bryndza novamente nos encanta com a sua obra, pois é um thriller psicológico muito bem escrito, cercado de mistério, investigação policial e história dos personagens como pano de fundo.

“O trabalho era um vício, algo sem o qual não conseguia viver, mas havia uma vozinha no fundo da cabeça questionando o que faria dali a dez anos, quando começassem a pressioná-la para se aposentar”.

Bryndza cita acontecimentos narrados nas outras obras, mas que não atrapalha a leitura de quem não leu os volumes anteriores. Os capítulos são intercalados com a história do suspeito, seus planos e crimes e do outro lado com o trabalho de investigação de Erika Foster e sua equipe. Também temos os capítulos de ordem mais pessoal referentes a vida de alguns personagens, como da própria Detetive, que se dá conta que o tempo está passando e ela se encontra sozinha.

O escritor trouxe para a obra temas como relações abusivas, possessão, dependência afetiva, dependência química, tráfico de drogas e conflitos internos que dão uma singularidade na narrativa, pois se torna impossível deixar o livro antes de finalizar a leitura.

“Sangue Frio” é o quinto volume da série e em minha opinião o melhor até o presente momento. Achei que Robert trouxe para a narrativa um ar de sensualidade, mostrou o que acarreta a má influência e o poder destrutivo de algumas pessoas na vida do outro.

Adoro histórias com mulheres empoderadas e sendo Detetive como Erika Foster, se torna ímpar. A obra é uma das melhores séries de suspense da atualidade e já estou ansiosa para o sexto volume. Vocês já leram? O que acham de histórias com mulheres sendo o elo principal?




[Resenha] | Summer Love| Guilherme Tironi | Editora Sinna



A obra “Summer Love” aborda a história do jovem Zach que após mudar de escola teve sua vida transformada de uma forma crescente de notícias bombásticas e uma montanha russa de sentimentos. Ele conhece o amor e a amizade da forma mais pura e real dos sentimentos. Hasley e Joe mostram para Zach que mesmo que algo tenha fim, esse algo pode ser infinito. As melhores coisas da vida são como chuvas de verão: chegam de repente, avassaladoras e intensas, deixando rastros inesquecíveis e marcantes.

“A vida é uma grande bomba-relógio e, enquanto você souber cortar os laços certos, não será dolorosamente destruído por si mesmo. Seria hilário, se não fosse trágico; fazer piada sobre sua condição enquanto espera alta em uma cama de hospital me parecia uma boa maneira de passar o tempo”.

Tironi consegue com maestria arrebatar o coração do leitor com uma narrativa forte, poética, dolorosamente emocionante e com personagens especiais. Alguns temas são abordados no livro, como: amizade, amor, LGBTQ+, doença, relações familiares, saudade, medo, suicídio, morte, dúvidas, presente, futuro e a certeza de vivermos o hoje. Devemos curtir, amar, sentir, viver intensamente o hoje, pois o amanhã poderá não existir ou não ser da forma sonhada. Viva mais e mais!

“Mamãe sabe que eu vou morrer, mas é mais fácil acreditar em uma mentira que agrade seus ouvidos do que encarar a realidade”.

A playlist selecionada pelo escritor é maravilhosa, assim, como os textos, cartas e poemas do livro. Todos com uma alta carga emocional que fará que o mais gelado dos corações se derreta com o tamanho dos sentimentos expostos na obra.

Guilherme consegue mesmo diante do drama, tirar boas risadas do leitor. É bem gostoso ver as descobertas interiores de Zach e atualmente no mundo em que as pessoas são egocêntricas e esqueceram-se dos valores, ver o resgate na obra do verdadeiro conceito de família, amor e amizade é fenomenal.

Por fim, “Summer Love” aqueceu meu coração e o destruiu ao mesmo tempo, pois o final foi emocionalmente devastador. Não sou de ter os olhos marejados ao ler e confesso que umas lágrimas rolaram pela face. A lição que tiro com a obra é contemplar as estrelas, a lua, o sol, um sorriso, a neve, um abraço, um simples olhar e ser a nossa própria estação. Caro leitor, não se esqueça de viver o hoje e falar eu te amo para quem de fato você ama! Alcance o universo!





08 julho 2019

[Resenha] | Colega de quarto| Victor Bonini | Faro Editorial



A obra “Colega de quarto” nos apresenta Eric Schatz, universitário, solteiro, alto padrão de vida e que percebe que o seu apartamento está sendo frequentado não só por ele. Algumas coisas estranhas começam a aparecer pelo apartamento, luzes que se apagam de forma misteriosa, descarga que é acionada sozinha e vultos rondam os cômodos. O jovem desesperado resolve procurar ajuda de um detetive particular, mas em menos de 24 horas despensa misteriosamente da janela do seu apartamento.

Bonini estreia com um livro de tirar o fôlego e arrepiar os cabelos do braço, pois é um suspense psicológico que nos leva a traçar pistas, enumerar suspeitos e com revelações arquitetadas incríveis.

Eu fiz o caminho reverso com as obras do Bonini e ao ler por último “Colega de quarto” pude constatar a mega evolução da escrita dele, porém é inegável a construção singular do texto, dos personagens e ambientação. Já era fã do detetive Conrado Bardelli e lendo só desejo ler mais histórias com ele. Não demora Bonini, pois preciso caminhar junto ao detetive rumo aos crimes!

“– Eu já vi muitos homens serem presos. Muitos, mesmo. E de todo tipo: jovens, velhos, brancos, negros, culpados e inocentes. E vou te dizer que nenhum deles... – Lyra enfatizou com os braços. – ... aceitou as algemas sem sequer xingar o destino. Sem tentar uma justificativa. Sem um ‘puta que o pariu’.”

A obra é divida em três partes, sendo parte I (Loucura), parte II (Turvo) e parte III (Lucidez), todos com capítulos rápidos. Os personagens são caricatos, alguns sádicos, gananciosos e bem expressivos. Um misto de gente para confundir a cabeça do leitor, porém desde o princípio acertei o que estava por trás de tanto mistério ou quem.

O escritor vai ligando todas as pontas soltas durante a leitura dos capítulos e em alguns momentos a história tomava um rumo sobrenatural. Confesso que por alguns minutinhos eu quis enforcar o autor, pois estava lendo às quatro horas da manhã, sozinha e quando estava em uma determinada parte a luz acabou, comecei a ouvir passos e só faltou vultos para completar o circo de horrores. Ainda bem que não sou medrosa e logo voltei ao meu estado normal.

Por fim, adoro o detetive Bardelli com sua inteligência e ousadia ímpar. Indico a obra para todos os amantes de romance policial com um suspense psicológico lacrador. Você acha que nessa história urbana há alguém inocente? Façam suas apostas!




[Resenha] | Do que estamos falando quando falamos de estupro| Sohaila Abdulali | Vestígio



Em “Do que estamos falando quando falamos de estupro” aborda a história de Sohaila Abdulali que sobreviveu a um estupro coletivo quando tinha 17 anos e perante sua indignação resolveu escrever uma coluna sobre a percepção acerca do estupro e de suas vítimas para uma revista feminina. Após trinta anos, seu artigo voltou com força total e viralizou. Ela escreve outro artigo para o New York Times sobre o processo de cura de um abuso sexual.

Sohaila Abdulali nasceu em Bombaim, na Índia e as regras do país para casos de estupro são quase que nulas para as vítimas, pois a grande maioria não tem voz e a polícia ainda julga as mulheres estupradas. E ela foi estuprada nos Estados Unidos logo após mudar com a família. O estupro foi brutal, porém ela é uma mulher forte e transformou a sua dor em um grito de não aceitar a violência como algo normal, é preciso falar.

Abdulali nos conta como ela foi estuprada, os relatos das vítimas de estupro, fala sobre a cultura do estupro e os rótulos impregnados por uma sociedade preconceituosa.

“O estupro drena a luz. Quero que volte a entrar alguma luz. Não tenho respostas, mas espero iluminar pelo menos um pouco algumas questões e suposições que carregamos conosco. Precisamos falar sobre estupro, e precisamos examinar de que maneira estamos falando sobre estupro”.

O tema abordado na obra é cruel, duro, forte, impactante, porém real. Infelizmente, em pleno século XXI muitos julgam as mulheres estupradas com o rótulo carimbado na testa: CULPADA! O nosso corpo é algo inviolável e ninguém tem a autoridade de tocar qualquer que seja a parte sem o consentimento. Não importa se é o marido, namorado, chefe, autoridade religiosa, irmão, tio ou pai. Também não importa se uma jovem estava na balada, com roupas curtas ou se é prostituta. O outro precisa entender quando a outra parte diz NÃO. O mesmo vale para o sexo oposto, pois muitos homens têm sofrido abusos sexuais. Chega de acharmos que é normal a cultura do estupro.

A escritora nos dá uma lição de sabedoria, superação, força e cura com o livro, pois ela possui um olhar generoso e sem julgamentos para com as vítimas. Fiquei revoltada ao ler sobre os casos de estupro no Kuwait devido ao fato da vítima ter que se casar com o estuprador para ele não ser penalizado. Eu cheguei a pensar que era ficção e fiquei boquiaberta quando descobri que é um fato. Um livro para ser lido por homens e mulheres, pois o que você acha que estamos falando quando falamos de estupro?