11 dezembro 2020

[Resenha] Pátria| Fernando Aramburu | Intrínseca

A obra “Pátria” nos conta a história das amigas Bittori e Miren. Os anos passam, elas casam, têm filhos e a amizade se intensificou, porém o terrorismo praticado pelo ETA coloca uma contra a outra. A obra teve mais de um milhão de exemplares vendidos em língua espanhola e agora é uma série original da HBO. Será que as amigas irão se entender? Leiam!

Que escrita intrínseca o autor Fernando Aramburu possui. A narrativa é singular, os personagens maravilhosos, uma obra rica e que nos ensina muito. O glossário nas últimas páginas do livro é essencial para entendermos alguns termos usados.

As histórias das famílias, o terrorismo, questões política e um exímio relato histórico transformam a narrativa em uma obra preciosa. Não é uma leitura de fácil entendimento, mas extremamente envolvente. O escritor faz várias mudanças temporais e também de narrador.

"Mas um homem pode ser um barco. Um homem pode ser um barco com casco de aço. Depois passam os anos e surgem rachaduras. Por elas entram a água da nostalgia, contaminada de solidão, e a água da consciência de ter errado e de não poder remediar o erro, e a água que corrói tanto, a do arrependimento que se sente e não se fala por medo, por vergonha, para não ficar mal com os companheiros. E assim o homem, já um barco rachado, vai a pique em algum momento."

Quando ETA anuncia o fim da luta armada, Bittori, viúva e com muitas mágoas resolve voltar para vila. Ela pretende acertar as contas com o passado e descobrir todas as informações sobre o assassinato de seu esposo e uma resposta à própria condenação.

“Cansada de forçar o pescoço e prevendo novas revelações, Miren puxou uma cadeira para perto da cadeira de rodas. Sentada, séria: que contasse tudo. Não havia azedume em suas palavras, nem irritação. Havia era uma expressão ofendida tensionando o seu rosto. Na tela as frases se sucediam, cada uma mais dilacerante do que a outra para Miren.”

Por fim, a obra apesar de densa é excelente e nos mostra conflitos, luto, terrorismo, perdão, intolerância, traumas, dores, fanatismo e outras questões marcantes. Por vezes a cura pode vir do perdão e do amor, porém é impossível esquecer as marcas que ficam, mas prosseguir é necessário!