05 dezembro 2020

[Resenha] Bagdá o skatista | Toni Brandão | Editora Pausa

A obra “Bagdá o skatista” nos conta a história de Bagdá. Ele é um skatista radical, bonito, focado e pretensioso, pois quer transformar o mundo em um lugar melhor do que o que lhe ofereceram. Apesar de morar na periferia de uma das maiores cidades do mundo, ele não se vê como derrotado. Bagdá ao vencer um campeonato de skate começa a mudar, porém algumas mudanças são para o bem e outras para o mal. Será que o sucesso perturbou a cabeça do nosso personagem?

O escritor Toni Brandão tem uma escrita leve, bem articulada e que leva o leitor a devorar a obra rapidamente. Brandão é um autor multimídia, com vários projetos e livros que ultrapassam a marca de dois milhões e meio de exemplares vendidos. O livro “Bagdá o skatista” inspirou o filme vencedor do 43º Generation Awards, 14plus, do Festival de Berlim.

“O telefonema era para agradecer a Lisa. Ainda nem era hora do almoço e os perfis de Bagdá nas redes sociais não paravam de receber mensagens, likes e “loves”. O celular estava transbordando de elogios. E também tinha um monte de chamadas: jornalistas de revistas especializadas em skate, amigos que estavam bastante afastados, garotas que ele não via há muito tempo, mais garotas que ele não via há mais tempo ainda...”

Os personagens são bem distintos. Bagdá chama atenção pela sua beleza exuberante, mais do que quando vence o maior campeonato de skate. Ele vira holofote para a imprensa, garotas diversas, celebridades, redes sociais e a pressão que o jovem passa a sofrer o deixa confuso. Tiago sempre quer aparecer e faz questão de dizer que é melhor em tudo em relação a Bagdá; Lisa vive fazendo cobranças diversas; Seu Chico a todo o momento tenta incriminá-lo; Tati é a típica garota que gosta de pegar carona no sucesso de Bagdá e sua mãe com crises de ciúmes de Lisa. Bagdá sente o peso da responsabilidade do sucesso e da irresponsabilidade também.

“– Se algum vidro for quebrado, alguma parede sofrer vandalismo, alguém se machucar ou a polícia der uma blitz e aprender drogas ou drogados. Qualquer uma dessas responsabilidades recairá sobre você, Bagdá.

É como se a chita quisesse pular de seu pescoço. Bagdá sente-se frágil em relação à força daquele que é o animal mais veloz do planeta.”

Por fim, a obra é bem interessante e nos leva a refletir que após algumas mudanças, as pressões do mundo nem sempre são leves para carregar, que os ditos “amigos” nem sempre são fieis e que pessoas interesseiras surgem na mesma proporção do sucesso. A fama, o dinheiro e a ganância não podem ser maiores que a essência do ser humano.