17 setembro 2020

[Resenha] Amor é uma palavra como outra qualquer | Francisco Castro | Editora Pausa

A obra “Amor é uma palavra como outra qualquer” nos conta a história de Carla, que organiza toda a sua vida ao redor do amor. Ela faz tudo por amor e constrói uma imagem de dependência total de ser amada pelo esposo, porém certo dia o seu marido diz adeus e a deixa totalmente devastada. Ele parte para viver com outra mulher e o seu amor perfeito de filmes românticos cai por terra. Para piorar toda a situação de Carla, o corpo de sua funcionária está no chão de sua sala, sem vida. Um aparelho celular, um bilhete e um corpo na entrada do apartamento, leia e descubra como a palavra amor pode ser como outra qualquer, topa?

Eu não conhecia o escritor Francisco Castro e me encantei com o estilo de narrativa dele. Castro é editor e escritor, atualmente CEO da Editorial Galaxia. Possui uma longa história e seu trabalho destaca inúmeros livros. Ele já recebeu praticamente todos os prêmios literários de Galicia e algumas de suas obras entraram na prestigiosa Lista IBBY, que reconhece os melhores livros do mundo no campo da literatura infantil e juvenil.

Quando escolhi o livro para ler eu estava bem crente que o livro seria autoajuda e tive uma enorme surpresa, pois a obra envolve mentiras, segredos, amor próprio, relacionamentos, assassinatos, descobertas e livre arbítrio.

“Carla não pensa muito nessas coisas ou em qualquer tipo de coisa, muito menos quando coloca os fones do celular e se isola com sua música, como uma adolescente (o que não é, ela já  está casa dos quarenta); quando coloca seus fones de ouvido em um volume insalubre, buscando, e provocando a si mesma, uma certa forma de inconsistência.”

A personagem Carla é uma mulher que deveria ser madura, porém a busca pelo amor e pelo príncipe encantando a fez ficar carente de afeto. Seu ex-marido não a elogiava, não era carinhoso e não dialogava com ela e esse fato a deixou com o amor-próprio totalmente abalado e com a chegada do personagem Cesar não só a sua vida muda, mas o seu interior e a sua percepção do que de fato é o amor.

“Foi por isso que ela tivera tanta dificuldade em assumir que já não o era. Que já tinha acabado. Que não havia mais chocolate. Que a chocolataria tinha se quebrado.”

Super indico a obra, pois a escrita de Francisco Castro é ímpar, diferente e consegue bagunçar nossa sequência lógica das coisas. Uma escrita madura, personagens bem construídos e reflexões necessárias. Passei a achar também que o amor é como uma palavra qualquer, pois o que vale são os sentimentos, respeito, companheirismo, harmonia, liberdade e a felicidade em amar a si mesmo.