Justin é uma graphic novel que aborda como é ser um menino preso em um corpo de menina da quadrinista francesa Gauthier. A HQ possui uma capa interessante e passa vivacidade junto ao texto como um todo. O fato do título e personagem se destacarem em vermelho no meio da multidão é de uma sacada incrível. As ilustrações são todas em preto e branco, os personagens com características animais e de marcantes expressões.
A nossa personagem nasceu Justine do gênero feminino e desde pequena gostava de brincadeiras ditas de menino. Sua mãe até a chamava de Maria-homem e a obrigava usar vestidos e se comportar como uma menina. Ela toma consciência do seu gênero aos 4 anos quando estava brincando com seus amigos. O tempo passa e Justine na adolescência se torna rebelde, corta os cabelos e usa roupas masculinas no seu dia a dia. Começa a sofrer Bullying tanto na rua quanto na escola, agressões físicas e xingamentos.
Médicos, psicólogos, cobranças familiares, experiência homossexual, e até a tentativa de agir e se portar como uma menina Justine tentou, mas todas as formas foram inválidas. Ela se sentia cada dia mais triste e perdida com o seu corpo. No início da fase adulta uma mistura de sentimentos e emoções tomam conta de sua vida e ao morar sozinha começa a sentir a liberdade e dita as suas próprias regras.
Em meio a inúmeras consultas com psiquiatras com diagnósticos diversos e que nada ajudava a personagem, ela encontra um profissional capacitado e que a orienta explicando que não era doença (patologia) e sim uma questão de gênero. Com o devido acompanhamento profissional Justine encontra seu verdadeiro eu e a sua felicidade.
"Eu já não podia negar, meu corpo falava em meu lugar... Aos olhos de todos eu era mesmo uma garota... Mas nem isso abalou a minha convicção. Eu sou um garoto prisioneiro num corpo de mulher."
A graphic novel é sensacional, pois trata da mudança de gênero (transexualidade) de uma forma detalhada e com ilustrações que perpassam por todas as dificuldades encontradas pelo personagem em entender o que se passa com seu corpo e a compreensão do mundo ao seu redor. Apesar de toda modernização que nossa sociedade encontra nos dias atuais o preconceito em relação a temas como homossexualidade e transexuais são arraigados e precisamos romper as barreiras do preconceito. Torna-se necessário abrir a mente para as mudanças e o principal que é o respeito pela pessoa, independente de raça, credo e gênero.
