30 agosto 2024

[RESENHA] Ressuscitar mamutes | @silvanatavano | @autentica.contemporanea | Páginas: 120 | Ano: 2024 | Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️


A obra “Ressuscitar mamutes” é um elo significativo entre o passado e o futuro. Silvana nos presenteia com uma narrativa profunda, científica e repleta de memórias afetivas. Que escritora espetacular!

O texto da orelha foi escrito pela Natalia Timerman e já nos instiga quando ela diz: “Livro-máquina do tempo, aparelho de alta precisão que conjuga número e metáfora, forma e tema, era geológica e figura de linguagem, temos aqui um híbrido de memória, ensaio e ficção composto de planos, de restos, de nuvens, letras e fósseis, mas precisamente do afeto de uma filha por uma mãe que já morreu.” Forte, né? Eu diria poético!

Tavano mistura o real com o fictício de uma forma ímpar. As suas reflexões entram em nossos poros como as mais belas melodias.

“Ressuscitar passados, inventar futuros: ciência e literatura viajam no tempo dos sonhos para chegar ao impossível.”

Ao realizar a leitura absorvendo cada explicação e acompanhando a personagem, foi notório que a minha gaveta das memórias se abriu e ressuscitou vários mamutes adormecidos.

“Parece que foi ontem é um clichê que já me ouvi dizendo, e com espanto, ao lembrar vivamente de coisas que aconteceram há décadas — a memória encurta o passado, por mais longo que seja. Mas também o distancia, porque, com o mesmo espanto, me dou conta de ter esquecido coisas que aconteceram meses antes, desimportância que se distanciam no tempo.”

O quote acima me tocou em lugares profundos, pois ‘parece que foi ontem’ é o que me pego pensando diariamente sobre a morte da minha mãe. Bate um grande medo de esquecer do rosto dela, da sua voz, do seu cheiro e até mesmo das broncas. Em muitas partes do livro criei uma relação de cumplicidade com a personagem.

Por fim, indico a obra para todas as pessoas e aprendi que por muitas vezes se faz necessário ressuscitarmos os nossos mamutes internos. Vamos começar?