A Graphic Novel é fruto da experiência vivida pelo autor durante os passeios entre a Eritreia e o nordeste do Quênia. São memórias das histórias ouvidas e das coisas vistas. Pensa na riqueza de narrativa!
Na HQ somos apresentados ao menino, Naim. Ele está fugindo do seu irmão, pois o homem quer levá-lo para a madraça (instituição educacional dirigida por religiosos nos países muçulmanos).
“E as bengaladas que eu levo, na madraça, vai dizer que também são pro meu bem? … Por que os adultos sempre acreditam que podem fazer as crianças engolirem qualquer baboseira?…”
Em suas ‘escapadas’, Naim convive com pessoas de todos os tipos. Apr0v3itad0r3s, pr0stitut4s, turistas ingênuos, jihadistas, tr4fic4nt3s e outros. Uma criança tendo a visão de mundo totalmente deturpada.
A ambientação ficou perfeita, pois conhecemos paisagens deslumbrantes. E o que falar sobre as ilustrações? Estão magníficas!
É notável o realismo na narrativa, a linguagem poética e a inserção de alguns elementos fantásticos, como nas lendas citadas.
Flao escreveu com sabedoria esse quadrinho, com passagens densas, questões religiosa abordadas, críticas sociais nítidas, vivência de mundo e o olhar de uma criança diante de toda a discrepância cultural de um povo.
“Por que não pede pra sua pilha de ossos te curar, se ela é tão forte?”
Por fim, a Graphic Novel em sua edição integral ficou linda e gostei que nas páginas finais, o autor, colocou fotos reais de alguns momentos particulares.
Eu sou apaixonada pelos romances de formação e essa HQ cumpriu o seu papel de uma forma bem especial, pois retratrou bem o anticolonialismo, a exploração exarcebada do povo local, o f4n4tism0 religioso e do maléfico capitalismo.
Vocês já conheciam esse quadrinho? O que acharam da temática abordada?