05 maio 2020

[Resenha] Entre Cabul e a Dança das Borboletas | Karina Manasseh | Editora Edite



A obra “Entre Cabul e a Dança das Borboletas” nos apresenta uma viagem por diversos países, aborda relações familiares e também o romance entre Maria e João. Um romance intenso, porém por ser casado e pai de dois filhos, eles vivem como amantes. Um romance instigante, emocionante, reflexivo e que faz brilhar os olhos diante da narrativa.

A escritora Karina Manasseh tem a escrita fluída, bem fundamentada, com ambientação perfeita, personagens fortes, lições de vida e que trouxe para a obra uma narrativa ímpar. Creio que pelo fato de Manasseh ser jornalista e pela sua experiência, o conjunto da obra tenha encaixado em toda a construção da narrativa.

Maria é independente, bem-sucedida, diplomata e devido ao seu cargo realiza inúmeras viagens por diversos países para ajudar nos conflitos. Ao viajar por um desses países conhece o advogado João e se tornam amantes. Eu não consegui gostar de João, pois a meu ver ele é egoísta e fica iludindo o coração de Maria.

"Existem momentos e circunstâncias na vida em que tudo muda, todas as verdades vão por água abaixo, o paradigma é alterado para sempre."

Em busca do seu Eu interior e paz de espírito, Maria, parte para Cabul, Afeganistão. A obra é tão profunda que aborda muitos temas, como: viagens, suicídio, gastronomia, arte, cultura, ideologias, história, política, amor, economia, solidão, relacionamentos, desencontros, ciúmes, conflitos, aceitação, ressignificação e libertação.

“Maria, às vezes é preciso reconhecer que não estamos felizes para podermos escolher outros caminhos. Será que não está na hora de você voltar para casa? Já passou tanto tempo, filha, seu irmão... – e interrompeu a frase pela metade, olhando para o fundo da xícara de café.”

Na abertura de cada capítulo tem uma carta de João para Maria e com elas podemos conhecer as particularidades do relacionamento entre os amantes, pois a narrativa é contada sob o ponto de vista de Maria.

"Eu preciso ser honesta comigo mesma, buscar minha estrela, minha dança, minha vida. Não posso continuar vivendo a tua."

Por fim, o desfecho da obra é singular, pois é possível ver a metamorfose que Maria passou e o seu voo esplêndido final. O título faz todo o sentido em relação à narrativa e o ciclo finda com maestria. Convido-te para ler e sentir a dança das borboletas em seu estômago!