13 maio 2020

[Resenha] | A Dama de Papel | Catarina Muniz | Universo dos Livros

RESENHA POR CHIHIRO_LITERARY

Melinda é uma mulher bem a frente do seu tempo. Para ela não importa os benefícios de sua classe social, pois se ela não tiver liberdade para tomar as próprias decisões, nada faria sentido. Como filha mais velha ela é prometida ao Sr Albert Miller, mas só de pensar nesse casamento, já sente náuseas. Determinada a tomar as rédeas de sua vida, Melinda foge na calada da noite.

Sem ter um lugar para onde ir ela acaba sendo acolhida pela dona de um bordel. Está lhe ensina tudo o que sabe, inclusive inúmeras truques para agradar um homem. Assim Melinda se torna Molly, a prostituta mais famosa do Bordel.

Após ouvir maravilhas sobre a famosa prostituta Molly, Charles O'Connor, um empresário têxtil, vai ao prostíbulo a sua procura. Assim, começa o romance proibido entre um rico e influente homem casado com uma famosa e misteriosa prostituta.

"- Foi escolha minha, Charles. Mas por quê? Por quê? Porque nunca quis depender de ninguém! Nunca quis ser reconhecida como um ser humano só por ser casada com um velho rico! Queria minha vida do meu jeito, fosse como fosse! Não me enquadrava no luxo, em regras, limites, adornos...Mas prostituição, Molly? Como você pode esperar que eu creia que deixar vários homens invadirem seu corpo é mais reconfortante?"

Que obra boa! Eu não sei como descrever o quanto eu gostei desse livro. A história é real, nunca vi um romance de época tão verdadeiro, que descrevesse tão claramente a sociedade do século XIX.

Molly é a minha personagem favorita desta obra. Ela é forte, corajosa e muito determinada. Eu me sensibilizei demais com ela, com a sua dor e por todo o sofrimento que ela passou. Ela é uma mulher incrível, que luta pelo que acredita, acho impossível o leitor não se identificar com ela.

Charles é o típico homem casado que se importa com as aparências. Eu não torci por ele, pois não consegui ver amor em suas atitudes com a Molly.

Essa obra me fez enxergar a real sociedade da época, pois as aparências contam muito. Em que literalmente "o sujo fala mal do mal lavado". Acho que esse ditado nunca fez tanto sentido. Nobres podres de caráter julgam pessoas pobres que não tiveram nenhuma oportunidade na vida. Me vi por várias vezes indignada com as atitudes de alguns personagens. Acho que minha visão romantizada sobre romances de época se quebrou um pouquinho com essa leitura. Posso dizer que agora olharei sempre com outros olhos e com certeza não acharei tudo maravilhoso.

Catarina Muniz é alagoana e formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Alagoas. Estreou na carreira literária em 2012, com o livro O Segredo de Montenegro, em 2015, lançou pela Universo dos Livros o romance histórico A dama de papel.