A obra “O que existe” é um romance profundo e repleto de camadas, pois acariciar as nossas cicatrizes não é uma tarefa fácil.
A protagonista enfrenta há anos o duro diagnóstico de câncer de sua mãe. No momento da morte de sua mãe, ela está fazendo amor com uma mulher em um hotel. A moça não conseguiu se despedir de sua genitora e pouco tempo depois, sua amante desaparece bruscamente. O que resta para ela? Ser consolada pela sua parceira e chorar por sua mãe e ao mesmo tempo por outra mulher. Vocês cuidariam dela?
“Enquanto mamãe morria, eu estava fazendo amor. A imagem me assombra e me perturba. Minha mãe estava partindo e eu me agarrava a algo fora do controle.”
O livro mistura elementos de reflexão existencial com a construção de um enredo intimista e, por vezes, perturbador, pois não existe fórmula mágica para lidar com o luto e com o abandono.
Sara (protagonista) compartilha o nome e a vida com a autora. Como refazer a vida diante de uma grande perda? Devemos ressignificar a nossa jornada e amadurecer as relações.
Os personagens são construídos com uma complexidade psicológica intensa. Sara não é apenas um reflexo da busca por sentido, mas também um emaranhado de emoções conflitantes, dúvidas existenciais e tentativas de compreensão da própria subjetividade. Uma pessoa complicada na arte de se fazer entender.
A história de Sara Torres é poética, filosófica, repleta de desejo e de dor. Um turbilhão de emoção, pois eu diria que sua escrita é provocativa e ousada.
Qual é o lugar de Sara no mundo? A narrativa existencialista leva os leitores a grandes reflexões e dilemas.
Essa obra é recomendada para quem se interessa por literatura que não apenas conta uma história, mas que também provoca questionamentos profundos sobre a vida, a identidade e a busca incessante por respostas que talvez nunca venham. Um convite à reflexão sobre a própria essência do ser. O que de fato existe?