A escritora, Crystal Maldonado, construiu uma narrativa que pode ser espelhada em mim, em você ou até nela mesma. Eu senti na sua escrita, que a personagem Charlie é o seu autorretrato. E não é fácil lidar com questões corporais, autoaceitação e com a maléfica “indústria da beleza perfeita”.
Eu sou uma mulher gorda e por inúmeras vezes escutei perguntas do tipo: - Por que você não faz bariátrica, pois o seu rosto é tão lindo!; -Por que você não faz dieta?; - Por que você não faz exercícios anaeróbicos? Uma infinidade de perguntas que ficavam sem respostas, pois sou independente, realizada, maravilhosa, singular e feliz! A minha estrutura corporal não sobrepõe o meu caráter!
Estou longe de querer romantizar a obesidade, pois sei que é uma questão de saúde pública, a responsável por grande parte de AVCs, doenças cardíacas, diabetes e outras, porém, se a pessoa é saudável e feliz, ninguém tem o direito de ofender, humilhar ou se achar superior por ter um corpo esbelto.
A personagem, Charlie, devido a todas as situações enfrentadas pela obesidade, as constantes brigas com sua mãe e a comparação com sua amiga Amelia, a tornou uma moça com a imagem distorcida. Apesar de toda a sua inteligência, ela por vezes se tornava cega para alguns fatos reais.
“É verdade que Amelia tem muitas características que minha mãe gostaria que eu tivesse. Mas não posso culpá-la. Eu mesma gostaria de ser mais como Amelia.”
“A melhor parte de ficar sonhando acordada é que você pode ser tudo.”
Os temas principais abordados na obra são: bullying, relações familiares, obesidade, questões de gêneros, amizade, amadurecimento, autoaceitação e amor.
“Talvez o maior problema da minha vida não era que o mundo me colocava abaixo de Amélia, mas que eu mesma fazia isso.”
Por fim, eu indico a obra para todos os tipos de leitores e agradeço a escritora Crystal pela sua sensibilidade e por mostrar o quão libertador é o resgate do amor próprio!