28 agosto 2018

[Resenha] Gritos no Silêncio | Angela Marsons


Gritos no Silêncio nos mostra o ano de 2004 onde cinco figuras formavam um pentagrama ao redor de um buraco recentemente coberto e a vida de uma inocente foi tirada. O pacto foi selado entre eles, porém anos mais tarde, Teresa Wyatt é assassinada brutalmente dentro da banheira de sua casa e outras mortes violentas começam a acontecer. Todas as vítimas tem algo em comum e aí entra em cena a detetive inspetora Kim Stone, 34 anos e chefe da equipe de investigação. Kim é uma mulher direta, fria, grossa, indisciplinada, nível de tolerância zero, mas bem respeitada no meio policial, principalmente pelo seu parceiro Bryant.

Marsons teve mais de 2 milhões de livros vendidos no mundo e sem dúvidas foi super merecido, pois foi o meu primeiro contato com a escrita de Angela e posso afirmar que foi um dos melhores livros que li esse ano. A escritora narra todos os detalhes com uma precisão admirável, o devorei em duas horas e já desejando os próximos. 

A trama é tão bem construída e amarrada que todos os personagens têm o motivo de ter sua história contada. Não há pontas soltas. Em alguns capítulos o potencial assassino descreve como planejou e executou cada crime, tudo tão real. As cenas com requintes cruéis são tão fortes que chega a dar raiva do criminoso. 

“Minha jornada começou com um peixe. Um simples e anônimo peixe-dourado que meu pai ganhou em uma feira. Levei-o para casa. Ele morou em um aquário durante dois dias, depois morreu”
Angela Marsons, coloca na detetive Kim o desejo desenfreado de colocar as mãos no assassino covarde e cruel, pois através das autopsias acaba por descobrir que as vítimas encontradas nas covas eram adolescentes do orfanato Crestwood e os adultos assassinados recentemente funcionários do mesmo local. Para descobrir os crimes atuais Kim precisava entender e desvendar os crimes do passado. 

“A detetive aceitava que sua própria determinação vinha de algo mais do que a vontade de solucionar o caso. Por mais que tentasse se convencer de que aquilo não fazia diferença, fazia sim. Conhecia a dor do passado daquelas meninas. Nenhuma delas tinha acordado um dia e escolhido o futuro traçado para elas. A maneira como se comportavam não podia ser associada a um ano, mês, dia e horário específicos. Era uma jornada progressiva de altos e baixos até que as circunstâncias terminavam por sufocar a esperança”
Um dos pontos altos da obra é quando a personagem Lucy de 15 anos e com distrofia muscular utilizando apenas piscadas para se comunicar consegue ser mais inteligente que muitas pessoas “ditas normais”. A jovem é uma menina cativante e que nos da vontade de colocar num potinho e cuidar com todo zelo e amor. 

A narrativa sofre uma grande reviravolta, cercada de mistério, conflitos, suspeitos, investigações, teorias e revelações que tornam toda a trama fluída e coloca o leitor para traçar a lista do possível. E já adianto que o desfecho só ocorrerá nas páginas finais. Prepare-se para se surpreender!

Por fim, a obra trabalha com vários temas, como: preconceito, amor, abandono, sofrimento, ganância, sociopatia, segredos, dor, revolta, abuso, violência sexual, estupro, negligência, morte, sadismo, drama, ódio, e outros que dão veracidade ao cenário proposto. Já estou aguardando os outros volumes da série e espero que vocês gostem da obra tanto quanto eu gostei.