“O teste ainda não faz sentido. Tenho a sensação de que qualquer um poderia inventar mentiras sobre coisas que não via de verdade. Como eles saberiam se eu não estava enganando todo mundo ao dizer coisas que eu não imaginava de verdade?”
O escritor Daniel Keyes foi genial, pois sua escrita é fenomenal. “Flores para Algernon” vendeu mais de 5 milhões de exemplares e inspirou o filme vencedor do Oscar de Melhor Ator “Os Dois Mundos de Charly”. Quanta riqueza e percepção de mundo por parte de Keyes, pois esta obra mesmo sendo escrita em 1966, se torna tão atual para os nossos dias e para a nossa sociedade preconceituosa.
Inicialmente, temos um Charlie com suas limitações e com uma escrita repleta de erros, no seu “RELATORIO DE PROGRESO”. Após, a sua cirurgia encontramos um Gordon escrevendo com maestria e com teorias inteligentíssimas. Porém, qual é o preço que ele paga para ter tanto conhecimento?
“Estranho como, quando estou na cafeteria da universidade e ouço os estudantes discutindo história ou política ou religião, tudo parece tão infantil”.
O livro é muito comovente, tocante e denso. Quantos Charlies não temos em nossa sociedade? Uma sociedade que julga, humilha, maltrata e zomba dos diferentes. A narrativa é profunda e nos leva as mais variadas reflexões possíveis.
O nosso personagem quando dotado do mais alto QI descobre e revive as suas limitações, os seus traumas de infância… as gozações que passou pelos colegas, a opressão nas suas relações sociais/amorosas e no encontro com o seu próprio eu.
“Inteligência é um dos maiores presentes humanos. Mas muito frequentemente a busca por conhecimento exclui a busca por amor. Isso é outra coisa que eu mesmo descobri recentemente.”
Por fim, eu super indico a leitura da obra para todos, desde os profissionais da saúde, pais, professores, jovens, políticos, escritores e humanos da Terra. Afinal, o que falta no mundo é HUMANIDADE!