30 junho 2020

[Resenha] Minha Sombria Vanessa | Kate Elizabeth Russel |Intrínseca


*Pode conter gatilhos
A obra “Minha Sombria Vanessa” foi elogiada por Gillian Flynn e é considerado um dos grandes livros de 2020. Kate estreia explorando as dinâmicas psicológicas de um relacionamento entre uma adolescente e seu professor. Vanessa Wye um jovem talentosa, solitária, cursa o ensino médio e tem o sonho de ser escritora. Do outro lado temos o professor de inglês, Jacob Strane, um homem de 42 anos, que começa a elogiar e cercar Vanessa. Uma relação entre eles acontece e os acontecimentos futuros irão mudar a vida da moça para sempre.
Kate Russel estreou com chave de ouro, pois sua narrativa é simplesmente espetacular, a ambientação é perfeita e os personagens mostram os sentimentos de uma forma muito real. A escritora deixa claro que essa não é uma história de amor e isso mexe com a emoção do leitor!
Uma década depois do relacionamento entre Vanessa e Strane, uma ex-aluna acusa Jacob de abuso sexual e a jovem Vanessa traça mentalmente todo o percurso do seu caso e questiona se tudo que viveu ao lado dele foi realmente uma linda história de amor ou se ela não teria sido também uma vítima de estupro.
Eles continuam com um vínculo forte e Vanessa não consegue abrir mão do homem que ela julga ser o seu grande amor. A relação se tornou doentia e é totalmente nojento lembrar das falas do professor e suas ações para com a moça.
“― Eu simplesmente preciso muito que seja uma história de amor. Você entende? Preciso muito, muito que seja isso.
―Eu sei.
―Porque se não for uma história de amor, então o que é?”.
A obra alterna entre o presente e o passado e, é incrível ver o quanto o passado interferiu no que Vanessa é hoje. Ela vive em um mundo de dor, sombrio, inúmeros traumas e solidão. Ela perdeu a confiança nas pessoas e principalmente, nela mesma.
Vanessa sentiu-se abandonada por quem deveria protegê-la, com apenas quinze anos foi iludida, dilacerada, abusada fisicamente e psicologicamente pelo seu professor. E o pior é saber que ela achava que era amor e sabemos claramente, que é um grande abuso.
“―Você precisa relaxar, meu bem – diz ele. – Respire fundo.
As lágrimas começam a brotar, mas ele não para, só diz que estou indo super bem enquanto continua tentando meter. Me diz para inspirar e expirar, e quando eu solto o ar ele arremete com força e empurra um pouco mais para dentro. Começo a chorar, chorar de verdade. Nem assim ele para.”
Assim, como Vanessa, temos inúmeras Vanessas pelo mundo e não cabe a nós julgar. A culpa é do abusador, do manipulador e desses criminosos que roubam a adolescência e sonhos de muitas jovens.

A experiência com a leitura foi maravilhosa e mesmo a obra sendo pesada, sombria e dilacerante nos faz refletir sobre o que é de fato uma relação consensual, abusadora ou tóxica. Super indico e espero que você tenha estômago para adentrar no mundo sombrio de Vanessa!





[Resenha] SuperNormal | Greg James e Chris Smith | Intrínseca

RESENHA POR FOLHADEPOLEN

No início da história conhecemos Murph Cooper, um garoto normal e que em menos de 5 anos já se mudou uma 4 vezes, por causa do emprego de sua mãe.
Vemos o quanto o menino era apegado pela primeira casa onde moravam, já que mesmo sendo velha transmitia um ar de Lar. Então, não deixou só a velha casa, mas também seus amigos, que deles guarda apenas recordações e palavras gravadas no uniforme da escola.

No momento atual da história, o leitor pode observar a dificuldade da mãe de Murph, para matricular o garoto em uma nova escola. Até que certo dia os dois acabam ouvindo uma conversa, sobre período letivo, entre uma mulher e menino um pouco mais velhos que nosso protagonista. 
Então, vendo que em um beco esquisito e macabro havia uma escola, a mãe de Murph foi atrás de vagas para o menino, até que com muita luta ela consegue.

Assim, nosso protagonista consegue entrar na escola, mas se você pensa que era uma escola normal, aí que você se engana, pois lá todos possuem uma capa (capacidade), ou seja, o povo tem superpoderes, haha. Porém, Murph se vê em uma enrascada, já que ele não possui nenhuma habilidade, então o que será que ele vai fazer, hein?
Paralelamente, a narração de Murph, acompanhamos também o desenvolvimento da narrativa de Clive Meeke, que trabalha em uma empresa de robótica e lá ele acaba desenvolvendo um experimento que o transforma em vespa. Minha Nossa Senhora, que experimento louco. E assim, ele planeja acabar com todos os piqueniques e se tornar rei do mundo. Será que esse louco irá conseguir isso?
Tentei resumir ao máximo essa história, pois ela com suas 330 páginas, o leitor consegue acompanhar uma história que acabou de iniciar, já que esse é o primeiro livro de uma série.
A história possui uma fluidez tremenda, especialmente pela linguagem simples, dando um aspecto que a leitura é super rápida. Além disso, os autores em alguns momentos interagem com o leitor, fazendo piadas e tudo mais, o que eu, particularmente, amei!
A respeito da diagramação, o livro possui ilustrações de Erica Salcedo, que arrasou nos desenhos. Estão lindos e perfeitos, pois em muitos momentos até ajuda o leitor a imaginar algum detalhe mais específico.
Um infantojuvenil que pode ser lido não só por adolescentes, mas também para aqueles que gostam de história de super-heróis. O mais legal disso é que a medida que ia lendo, recordava do filme Super Escola de Heróis, onde mostra um personagem que entra na escola sem poderes, caso de Murph.
Para quem gosta de histórias mais leves, repleta de aventura, que mostra a força da amizade e de não se rebaixar por não ter determinada habilidade, vai amar SuperNormal.





22 junho 2020

[Resenha] Um Namorado de Verdade | Julia Fernandes | Independente



A obra “Um Namorado de Verdade” nos conta a história de Helena. A jovem é uma mulher bonita, bem-sucedida nos estudos e nos seus empreendimentos, mas que optou não priorizar sua vida sentimental. Sua família sempre a comparava com outras mulheres que tinham relacionamentos sérios e a chamavam de encalhada. Devido às comparações, Helena, decidiu arrumar um “falso namorado” para acompanhá-la em uma festa na casa de seus familiares e o caos foi instaurado, pois o rapaz era gay e a farsa foi descoberta. Com isso, aumentou consideravelmente as piadinhas e chacotas referentes a ela. Com o aniversário da sua avó se aproximando e após o fiasco da última festa, a moça coloca em sua cabeça que irá arrumar, no dia dos namorados, um homem para se tornar de fato seu namorado. Porém, ela tem apenas dois dias para colocar o plano em ação e muitas reviravoltas irão ocorrer. Será que Helena arrumará um amor para chamar de seu?

A escritora Julia Fernandes escreve de forma fluida, com personagens bem construídos, narrativa com uma ótima dose de humor, ambientação perfeita e o amor pegando fogo.

Helena coloca o seu plano em prática e vai jantar em um famoso restaurante no dia dos namorados, porém todas as mesas do local estavam reservadas para casais felizes e apaixonados. Ela sai do espaço chateada e o destino resolve dar uma forcinha ou piorar tudo, pois ela encontra Pedro, o seu maior amigo/inimigo da época da escola.

Pedro é um homem lindo, bem educado, inteligente e possui um ótimo humor. Helena e Pedro decidem sair para comemorar o dia dos namorados juntos como amigos, mas as intrigas do passado pode atrapalhar a evolução do encontro.

“- Pedro, você não acha estranho nós dois aqui, completamente sem planejar nada e agindo como se nos conhecêssemos, e pior, como se no passado tivéssemos sido amigos e nos gostássemos. – Gargalhei. – Isso não te parece muito louco?”

A obra é muito divertida e quente, porém não posso contar muito para vocês. Vocês precisam ler para se encantarem e se divertirem como eu. Alguns personagens me deixaram com ranço como as tias da Helena e sua prima traíra Carolina. Juro, que eu teria perdido minha boa educação, com essas megeras. A leitura estava tão prazerosa que não queria que acabasse e, Julia bem que você poderia escrever mais sobre eles, né? Super indico!








15 junho 2020

[Resenha] Taça Escarlate | Luciane Monteiro | Editora InVerso


Título: Taça Escarlate
Autora: Luciane Monteiro 
Ano: 2019
Páginas: 176
Editora: InVerso
Nota: 5

A obra “Taça Escarlate” traz contos que retratam os anseios da mulher, como as suas buscas, batalhas e descobertas. As almas femininas que se expõem em cada narrativa, ou seja, umas desfalecem enquanto outras se libertam e alcançam sua plenitude. Leiam e descubram a história de cada uma e a força que elas nutrem!

A escritora Luciane Monteiro nos presenteia com contos diversos e com uma essência feminina marcante. Eles mostram as mulheres e suas lutas, seus dramas e suas paixões.

“Desejo é o que me move. Desejo de estar lá e de tocar... Tocar os sons que não se tocam, ver o sentido que não se enxerga, e ouvir os silêncios que não se ouvem. Que vontade de estar intensa e intensamente mergulhar nessa essência que me grita.”

Os contos são fluídos, intensos e retratam fielmente a alma feminina. São eles: A caixa e o sonho; Naufrágio; Essência rara; Roda da Vida; Luzerna; Dormindo com o silêncio; Desnuda; Repartição; O grande ninho; Desconstrução; O último sonho; O porta-retratos; Um sopro de vida; Vigília; Como águia; Paixão proibida; Saudade; Conto a gotas; A brecha; Resgate; Um novo amor; Quase mãe; Cordão umbilical; A varanda; Desencontro; Diário de um desamor; A grande noite no castelo; Devaneio; Roda-gigante e A Descoberta.

O meu conto preferido foi o “Roda-gigante”, pois nos mostra de uma maneira nua e crua como uma mulher não valorizada pelo seu marido se sente. Alguns gritos ficam presos na garganta anos a fio e outros parecem mais gritos de liberdade. O encontro com o “eu mulher”.

“Em silêncio e a contragosto, ela os acompanha, até porque não tinha escolha, era a esposa, a obediente e fiel esposa. Só se alegra um pouquinho vendo a roda girar e até sente vontade de pedir para a Armando que desse só uma voltinha com ela, mas sabia que não seria sensato.”

Eu indico a leitura não só para as mulheres e sim para os homens, pois eles podem sentir como as mulheres são sufocadas, algumas maltratadas e outras desejando a liberdade para amar. A taça escarlate representa o gole da superação, a cor da sedução e a plenitude do universo feminino.





[Resenha] Microscópio – Microcontos e Microletrados | Delma Maria Lucchin | Editora InVerso



Título: Microscópio
Autora: Delma Maria Lucchin 
Ano: 2019
Páginas: 108
Editora: InVerso
Nota: 5

O livro “Microscópio” aborda a seleção de microcontos e microletrados que despertam a criatividade, imaginação e as lentes da vivência humana. Pequenos no tamanho, mas com uma grande bagagem de ensinamentos.

“Acostumada a receber somente migalhas de carinho, Ana não sabia lidar com o amor de João. Ele oferecia o céu e ela, pobrezinha, com os pés enraizados só achava graça, mas não sabia como alcançar as estrelas.”

Delma Lucchin possui uma linguagem fluída, divertida e real. Os temas propostos são variados dando uma gama de informações para os leitores, pois me peguei sorrindo em vários momentos da leitura.

"Conheceu cedo o poder terapêutico de um carinho, assim como o prazer de delicadas cócegas. Hoje é poeta. Dedica-se a fazer cócegas na alma, e segue curando o mundo."

Os contos são divididos em Microcontos que é a arte de contar histórias em poucas palavras e em Microletrados que são minicontos escritos com as palavras iniciadas com a mesma letra. É um gênero literário não tão conhecido, mas que dá múltiplas possibilidades ao escritor.

“A bruxa fazia o balanço do estoque. Havia um bom saldo de bafo de dragão, cutícula de ogro e chulé de saci. A preocupação estava em conseguir cabelo de virgem e saliva de político honesto. Já considerava a possibilidade de elaborar uma fórmula nova para suas poções.”

Delma nasceu em Curitiba e acredita que tem o dom de fazer as pessoas sorrirem. Em 2009 iniciou um trabalho voluntário pelo Instituto História Viva, contando histórias em hospitais para crianças e adultos, que despertou um grande interesse pela literatura infantojuvenil. Adora contar histórias para adultos e fica encantada com os sentimentos que desperta com esta prática. Para ela, é como se as histórias transportassem os ouvintes para outro lugar, propiciando deliciosas conversas. Mais do que distrair, a contação de histórias tem um grande poder terapêutico.

Caro leitor, faço o convite para você conhecer a escrita de Lucchin, passear pelos Microcontos/Microletrados e brincar com as palavras. A diagramação está ótima para o gênero proposto e o sorriso é garantido.








[Resenha] Mergulho | Silvia Waltrick | Editora InVerso



Título: Mergulho

Autora: Silvia Waltrick 

Ano: 2018
Páginas: 96

Editora: InVerso

Nota: 5



A obra “Mergulho” retrata as mais variadas observações sobre a vida cotidiana, abordando as alegrias, tristezas e emoções diversas do ser humano. A narrativa poética é encantadora e emocionante. As crônicas apresentadas nos mostram com uma sensibilidade ímpar a linha tênue entre o amargo e o doce, sofrimento e alegria. Leiam!

A escritora Silvia Waltrick, em sua obra, nos proporciona um mergulho interno no nosso cotidiano e no das pessoas como um todo. É incrível sentir a realidade das crônicas e os sentimentos que são despertados durante a leitura.

“Há um tempo em que o lugar mais perfeito do mundo é ali, naquele primeiro espaço onde a gente aprende que existe. Um lugar de acolhimento, onde o lá fora não pode entrar, nem batendo na porta.”

As crônicas são: Oferenda, Barriga Negativa, O ninho que nos abandona, Minha Musa, Transamor, Carta ao filho, Mergulho, Das partes ao Todo, Sobre amores e gavetas, Muro, Bicho, Despedida, Partitura, Infância, A Idade Minha, Hoje, Amazônia, Seu Martim, Canecas, Café com pão, Ela, Ela adora viajar, Eu gosto de gente simples, Reencontro, Peso, Apenas uma menininha, Concha, Resgate, Banco de Praça e Árvore. Todos abordam temáticas diversas como, por exemplo, natureza, viagem, depressão, amor, abuso, depressão, sentimentos e outros.

“Foi num jogo de tênis que um tombo bobo mudou tudo, fazendo as fases se misturarem e a velhice lhe surgir como quadro antigo que sempre esteve ali, ignorado na parede e na vida.”

Super indico a leitura e convido todos os leitores a mergulharem por entre as crônicas e principalmente dentro de si mesmo. Mergulhar nem sempre é fácil, mas é necessário para que venha emergir por águas tranquilas.








12 junho 2020

[Resenha] Deixei meu coração em modo avião | Fabíola Simões | Faro Editorial


A obra “Deixei meu coração em modo avião” pode ser encarado como um chamado para a libertação de tudo que se torna desgastante, acelerado e tóxico. Fabíola nos mostra que não devemos cobrar perfeição, vivermos apressados, estressados e sem direcionamento da vida, pois viver sem alimentar expectativas é bom demais!

Fabíola Simões é mineira de Itajubá, casada há dezoito anos e mãe de um menino. Além do blog, Fabíola se dedica ao seu trabalho como dentista e um canal no YouTube. Ela é autora do blog “A Soma de todos os Afetos” que conta com mais de 2,5 milhões de seguidores no Facebook e mais de 150 mil no Instagram.

A escritora Fabíola nos apresenta crônicas reflexivas que abordam os amores e as dores da vida real. Termos uma vida leve, ser gentil com todos e consigo mesmo são fatores que ajudam a desligar dos problemas da vida cotidiana. A pressa não nos leva muito longe, pois o nosso corpo cansado fala. Ele entra em esgotamento.

A obra é dividida em quatro partes, são elas: Desligando o wi-fi; Esperando notificações; Alta conectividade e Desejos de simplicidades. Simões nos mostra que é necessário ter coragem para enfrentar dias cinzentos, disciplina para lidar com a correria, paz de espírito, ser leve, perdoar e ser perdoada, ter amor próprio, ser gentil e a busca pela felicidade.

"Depois de algum tempo, tudo o que você quer é um relacionamento sério com sua paz. Você já não se esforça tanto por amizades sem reciprocidade, e não sofre em demasia por aqueles que não querem seguir a estrada ao seu lado.”

Este livro aborda vários assuntos corriqueiros, como: amor, carnaval, relacionamentos, dores, saudades, medo, coragem, amizade, moda, tênis All Star, divórcio, trânsito, cirurgia, redes sociais, família, Padroeira, saudade, viver feliz, encontrar a paz interior e outros. São crônicas diversas que ajudam a deixar o coração em modo avião. Todos precisaram desse momento de paz e isolamento do mundo exterior.

"Atualmente, as corridas são maiores e mais constantes. São mensagens chegando a toda hora pelo WhatsApp; comentários pipocando na última foto do Instagram; o Messenger exigindo uma resposta. Para um ansioso e perfeccionista, está formado o cenário do caos."

Por fim, aceite o convite da escritora Fabíola Simões, tenha uma vida leve, desacelerada, acalme o coração, sinta a brisa tocar o seu rosto, o vento balançar os seus cabelos e deixe que a vida se encarregue de te surpreender, pois ninguém consegue ser feliz com tantas cobranças! Ame-se!







[Resenha] O Fundo é Apenas o Começo | Neal Shusterman | Editora Valentina

RESENHA POR CHIHIRO_LITERARY


Caden Bosch, sempre aparentou ser um menino comum, um bom aluno na escola e um bom filho, ele nunca deu qualquer problema para os pais. Mas aos poucos as coisas mudam e, todos a sua volta começam a perceber certos comportamentos estranhos. Preocupados, seus pais procuram ajuda e, o resultado não poderia ser mais assustador e triste para a família: Esquizofrenia.

"As coisas que sinto não podem ser traduzidas em palavras, ou, se podem, são palavras numa língua que ninguém pode compreender."

A obra realmente é um mergulho fundo na mente de uma pessoa que tem sua própria realidade. Eu custei entender e compreender o que estava acontecendo nessa história. A realidade de Caden é fantasiosa e delirante, sua mente cria personagens e locais imaginários. Essa fantasia do personagem se mistura com a realidade e, como a história é do ponto de vista dele, ficamos sem saber o que realmente está acontecendo.

Caden vive no seu mundo, mas às vezes volta à realidade. Em certos momentos ele se perde em sua própria mente ou tem apagões, porém em sua maior parte, ele está a bordo de um navio, explorando as profundezas do mar.

"Mil pensamentos me passam pela cabeça, mas não os sinto como se fossem de fato meus. São quase como vozes."

Essa doença é triste demais. O autor conseguiu passar perfeitamente a tristeza e desespero que ela causa, tanto no doente como na sua família. Lendo os agradecimentos eu soube que o filho do autor sofre desse transtorno mental, e que ele ajudou o pai no desenvolvimento desta obra. Com essa informação, fiquei mais admirada pela obra e pelo autor.

“Às vezes, a escuridão não tem nada de glorioso, é uma verdadeira e absoluta ausência de luz. Um breu pegajoso que se cola na sua alma e a puxa para baixo. Você se afoga nele sem se afogar. Ele te transforma em chumbo, e faz você afundar mais depressa na sua membrana viscosa. Priva você de toda a sua esperança, e até das recordações da esperança.”

Senti muita tristeza pela família, por saber que nada será como era antes, e por eles sempre viverem com medo de novos episódios. Acho que essa obra me deu uma nova visão do que é essa doença. Eu senti mais compaixão, empatia e uma vontade imensa de abraçá-lo. Espero que essa obra mexa com vocês e que vocês entendam a mensagem do autor.

Neal Shusterman é um premiado autor de diversos best-sellers do New York Times, vencedor e/ou finalista de praticamente todos os prêmios literários dos EUA.









09 junho 2020

[Resenha] 1+1 - A Matemática do Amor | Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos | Faro Editorial

RESENHA POR FOLHADEPOLEN

Hoje trago a resenha do livro nacional 1+1-  A matemática do Amor dos autores Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos, obra publicada pela Faro Editorial.
Alguns livros conseguem abalar o leitor, outros decepcionar, mas com toda certeza 1+1 entra na lista dos que surpreendem quem lê de uma maneira positiva. Com uma história para lá de especial e emocionante, 1+1- A Matemática do Amor irá prender você do início ao fim.
No decorrer da narrativa iremos conhecer os amigos Bernardo e Lucas, ambos com 16 anos, o que os separa são 8 meses de diferença. Os garotos se conhecem desde pequenos, e logo firmaram uma amizade que se aproxima da irmandade, já que além de friends são vizinhos.
"Eu não precisava de brigadeiro. O toque dele era doce o bastante."
Bernardo (Bê) é o típico aluno popular da escola, que fala com todos e é admirado pelas meninas, além de praticar esporte e ter um físico que chama atenção. Já Lucas (Lu) é quase o extremo oposto, o garoto mais tímido e na dele, introvertido e que apenas consegue manter uma conversa mais longa com Bê, e, diferente do amigo que adora matemática, Lu é fascinado pelas palavras, especialmente poesia.
A vida dos rapazes vai bem, até que no começo das férias escolares um grande acontecimento vira o mundo dos dois de cabeça para baixo, os pais de Bernardo irão se mudar para Portugal devido a uma proposta, irrecusável, de emprego. Isso tudo faz o chão de Lucas desaparecer, pois ele iria perder, talvez o único, amigo que tinha na cidade e ele não seria o mesmo sem Bê.
"A questão não era me mudar de casa, país, continente. Não importava o lugar pra onde eu fosse: se o Lucas estivesse comigo, tudo ficaria bem. No fundo acho que o Lucas era minha casa."
Até que Lucas decide criar lembranças que irá acompanhar Bernardo em sua nova jornada, então cria um planejamento para as férias, ação essa que fará os dois se aproximarem mais e mais. Só que o desconhecido surge, e um sentimento totalmente novo alcança ambos e eles precisam descobrir que sentimento é esse, se é uma simples atração pelo outro ou algo maior, como amor. Mas o que será que Bê e Lu irão fazer quando descobrirem o que sentem um pelo outro?
Esse foi meu primeiro contato com a escrita de ambos os autores, confesso que foi algo extremamente delicioso, pois a história como um todo é muito bem escrita e gostosa de ler. Com uma leitura fluída e história simples, Augusto e Vinícius organizaram muito bem uma obra capaz de despertar um misto de sentimento no leitor e fazer com que o mesmo reflita sobre amor e outros temas como aceitação e preconceito, já que os meninos vivem em uma cidade relativamente interiorana onde a fofoca rola solta.
"Não fui capaz de esperar mais um minuto sequer: dei um passo à frente e o envolvi no abraço mais forte que eu já dera em alguém. Por mais que eu estivera em pedaços... Talvez assim eu o mantivesse inteiro. Intacto. Aqui.”
Então, falando de temas relacionados a Comunidade LGBTQIA+, os autores conseguiram inserir também como pôde a recepção de algo diferente em uma cidade "mais conservadora". A forma como eles abordaram os temas foi bem escrito, não deixando o leitor confuso nem nada do tipo. Fora tudo isso, outro ponto que eu gostei muito foi como, Augusto e Vinícius, focaram em outras coisas que não apenas a descoberta do sentimento entre Bê e Lu, assim falando sobre como a opinião alheia pode interferir no que o outro pensa ou até mesmo como a demonstração de sentimento em público pode ser normal e não visto como diferente e feio.
A história me conquistou de uma forma única, não consigo nem expressar em palavras o tanto que gostei desse livro, a ponto de simplesmente devorá-lo em poucos dias, isso, claro, somado ao fato de que a história possui uma linguagem simples. Diferente de outros livros LGBT, esse não há cenas hot, por ser um livro infantojuvenil, e focar nos aspectos emocionais dos personagens fez com que eu criasse um laço com cada um.
"A vida é insana, e muda, simplesmente, num piscar de olhos. A todo o momento nossas atitudes vão moldando nossos destinos e nos fazendo seguir por determinados caminhos, A vida é essa!.”
Os personagens são bem desenvolvidos e até mesmo os secundários possuem sua importância, pois para falar sobre homofobia e não aceitação precisou-se criar cenas um pouco mais violentas, e isso tudo foi possível devido a personagens secundários. Agora falando da diagramação, senhor, esse livro é muito lindo, as folhas são bem reforçadas e grossas, dando até a impressão que o livro é gigantesco, mas possui apenas 256 páginas. Com fontes de tamanhos confortáveis, quase em todos os capítulos há ilustrações de chamar atenção de tão lindas que achei e, em alguns momentos me deparava passando uns 3 minutos apreciando as artes que tinha no livro, fora que a guarda da capa (parte interna) é simplesmente perfeita, assim como a capa que eu achei maravilhosa.
 A Faro Editorial trabalhou muito bem a diagramação e esse lado editorial de 1+1- A Matemática do Amor, pois percebi todo cuidado que eles tiveram, não só com esse livro, mas com todos que lançam.
Super recomendo essa obra para os amantes de romance, especialmente quem gosta de um livro LGBT que fala sobre amor.








[Resenha] Anne de Avonlea | L. M. Montgomery | Autêntica Editora



A obra “Anne de Avonlea” nos apresenta a história de Anne Shirley agora com 16 anos, após concluir os estudos de nível médio, desistiu do curso superior para ficar com a mãe adotiva, Marilla, em Green Gables. Ela se torna a nova professora da escola da vila e tem conceitos idealistas e românticos sobre o ensinar, porém ela percebe que é mais difícil do que parece o ato de educar. A jovem passará por vários desafios para melhorar a vila, criar os parentes órfãos e outras responsabilidades. Anne continua nos mostrar a inocência de menina e o amadurecimento diante de todas as situações vividas.

Neste segundo volume podemos ver uma Anne madura para a sua idade e uma excelente profissional. Ela ensina com carinho e tenta mostrar para os seus colegas que a educação pelo amor é a ideal, pois ela é contra castigos físicos, conteúdos aliados aos valores é o ideal e valorizar a aprendizagem dos mesmos.



Anne continua firme nos seus pensamentos, quebra paradigmas, não concorda com os parâmetros impostos pela sociedade e tem prazer em exercer a docência. Ela acolhe os seus alunos, ensina respeitar e o que é ser respeitado, uma mulher bem a frente do seu tempo.

“- Porém, nunca passou pela minha cabeça que eu poderia conquistá-lo com um castigo físico – Anne respondeu, um pouco pesarosa, sentindo que seus ideais a haviam traído, de alguma maneira. – Isso não me parece certo. Tenho certeza de que minha teoria sobre paciência e afeto não pode estar errada.”

A jovem Anne enfrentará algumas mudanças expressivas e uma delas será a chegada dos gêmeos Davy e Dora, que Marilla adota por terem ficado órfãos e pelo vínculo parental. Dora é uma garotinha meiga e o irmão totalmente travesso, porém ela crê que com carinho e paciência poderá educá-lo.



“Nunca vou amar ninguém...nenhuma garota...nem a metade do tanto que amo você. E se, algum dia, eu me casar e tiver uma menininha, ela vai se chamar Anne.”

Lucy Maud Montgomery tem a escrita totalmente cativante, com um humor singular, personagens fortes e bem construídos, narrativa ímpar e valores essenciais para a convivência humana.

Finalizando, a capa possui pontos de verniz localizado, diagramação excelente e com imagens na abertura e fim dos capítulos. Já estou ansiosa para a leitura do terceiro volume da série “Anne da Ilha”, pois amo um bom clássico.