03 fevereiro 2024

[RESENHA] Um amor | Sara Mesa | @autentica.contemporanea | Tradução: Silvia Massimini Felix | Páginas: 168 | Ano: 2023


Como nomear o inominável? O romance “Um amor” fará o leitor a se questionar sobre várias situações corriqueiras e como pode ser pavoroso conhecer o próximo (as aparências enganam). Após um ligeiro vexame em sua cidade natal, Nat, se recolhe em um lugarejo ermo. Será que esse povoado trará paz para o recomeço da tradutora Nat?

“Nat percebe que ela acha que comprou a casa. Ninguém em sã consciência, pensa, se meteria em tanto trabalho por causa de um barraco alugado. Mesmo uma velha louca é capaz de ver isso.”

Eu fiquei com dó da Nat, pois ela mudou para uma casa precária, herdou um cachorro no mínimo estranho, os vizinhos são esquisitos, o jardim está mais abandonado do que mandioca no pé da serra, inúmeras goteiras em sua horta e o mais assustador é o proprietário. É de arrepiar toda vez que ele aparece na narrativa. Credo!

A história é alternada entre a voz da protagonista e a do narrador. A objetividade de algumas cenas é inquietante. Aquele silêncio que chega a ser ensurdecedor, sabe?

“O mal-estar da felicidade é uma ideia que agora a ronda com insistência: um tipo de felicidade que contém em si a semente de sua própria destruição.”

A natureza humana de alguns é algo assustador e com requintes de perversidade. Tive n0j0 dos personagens masculinos dessa obra, pois os pensamentos lascivos deles é algo sombrio.

É impressionante como mesmo em um vilarejo os moradores são fofoqueiros, julgam o próximo sem retidão e se acham prontos para a condenação final.

Sara Mesa nasceu em Madri e suas obras são premiadas. “Um amor” foi considerado pela crítica espanhola o melhor romance de 2020.

Obra indicada para quebrar paradigmas, trabalhar a resiliência, o ressignificar da vida e para compreender o amor no real sentido da palavra! 

02 fevereiro 2024

[RESENHA] A jornada de Maelle | @maudankaoua | @editoravestigio | Tradução: Andreas Valtuille | Páginas: 256 | Ano: 2023


Sorte ou azar? Eu diria que é aprendizagem! A obra “A jornada de Maelle” nos conta a história da Diretora financeira Maelle que só pensa em trabalho e deixa as outras questões da vida em stand-by. Certo dia, a sua melhor amiga Romane informa a ela que está com um câncer avançado e que a possível cura se encontra em um manuscrito perdido no Nepal. Romane pede para que Maelle faça essa viagem, porém ela fica relutante. Para salvar a amiga (apesar dela não acreditar em nada) ela resolve encarar a missão. Você cumpriria essa missão? Eu confesso que não teria essa coragem!

“Não tinha dúvida de que Romane estava delirando sobre esse manuscrito e seus poderes mágicos, mas não suportava a ideia de decepcioná-la. Procrastinei por mais uma hora, depois tomei uma decisão. Não tinha como evitá-la.”

A personagem Maelle “bugou a minha mente”, pois ela é uma mulher mimada, 3stúpida, 3g0cêntrica e por vezes infantil, porém como esquecer do ato que ela fez para tentar ajudar a sua amiga? Um ato heroico e despido de interesse!

A ambientação está incrível, pois sentimos frio, contemplamos lindas paisagens, conhecemos novas culturas e até sentimos cansaço na subida da montanha Annapurna. Os personagens secundários são apaixonantes e transmitem uma grande sensação de paz.

Todos deveríamos fazer uma jornada (estilo essa que Maelle fez para o Himalaia) ao menos uma vez na vida. Vivemos uma vida frenética, no piloto automático e esquecemos das coisas simples e gostosas da vida.

Devemos aproveitar o hoje da melhor forma possível, não ter medo de amar, de errar e de acertar. Pise no freio e busque a sua própria jornada.

“O fracasso existe apenas no nosso íntimo, porque é uma fonte de julgamento. Essas não são as experiências que nos permitem crescer e aprender. É aceitando o desafio que acessamos nossos sonhos.”

Por fim, o livro é um banho de ressignificação, o encontro do seu interior, um intenso processo curativo e a torcida para que Maelle de fato tenha conseguido absorver todos os conhecimentos. Seja feliz!

01 fevereiro 2024

[RESENHA] A força de ser altamente sensível | @meritxellgarciar | @edvalentina | Tradução: Ellen Maria Vasconcellos | Páginas: 224 | Ano: 2023


Você é PAS? Eu sou e a obra “A força de ser altamente sensível” ajuda a desenvolver o poder criativo. Afinal, somos capazes de desenvolver muitas potencialidades, não é mesmo?

“Explore seu poder criativo e transforme-o num canivete suíço que lhe permita se sentir bem e seguro em situações que hoje tanto o incomodam.”

As quatro características básicas para ser considerado PAS (Pessoas Altamente Sensíveis) são: processamento profundo da informação; superestimulação; reatividade emocional e empatia; e sensibilidade sensorial.

Podemos afirmar que ninguém é igual a ninguém e consideramos sempre a individualidade de cada PAS. As características são singulares e nem sempre fáceis de identificação. Somos extremamente seletivos para algumas situações.

“Ser sensível, às vezes, faz com que nos sintamos incompreendidos e que não consigamos expressar como vivemos o mundo no nosso íntimo. A sensibilidade se acumula a conta-gotas, até que uma hora… transborda! Então esse recipiente de águas tranquilas se torna um tsunâmi. Botamos para fora tudo o que acumulamos.”

A escritora Merixtell Roig é especializada em empatia e em alta sensibilidade. Ela ajuda as pessoas sensíveis fazer as pazes com a própria sensibilidade e viver plenamente a vida. Adorei as atividades significativas que estão no livro.

Devemos acreditar sempre no nosso potencial, desenvolver ferramentas que estimulem o processo criativo e construir metas diante da própria sensibilidade.

O desafio chamado vida é interessantíssimo e podemos jogá-lo da melhor maneira possível!

O que acharam da obra? Conhecem Pessoas Altamente Sensíveis? Aguardo os comentários de vocês!

31 janeiro 2024

[RESENHA] Mais que amigos? | @christinalauren | @editorafarooficial |Tradução: Helena Mussoi | Páginas: 224 | Ano: 2023 | Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️+❤️💓


Vocês já ouviram a expressão ‘diarreia sentimental’? Não? Leia a comédia romântica “Mais que amigos?” e embarque em uma leitura extremamente gostosa!

Na obra conhecemos Millie Morris que é professora de Criminologia e que vive cercada de amigos homens. Os quatro homens e ela formam uma amizade ímpar. Certo dia, um evento de trabalho exige que cada um leve um acompanhante, porém Millie e seu grupo estão como o deserto no quesito relacionamento. Eles decidem fazer o cadastramento em um site de namoro para encontrar o tal parceiro para o evento. Será que isso dará certo?

“Não sei nem te dizer o quanto a sua última mensagem me fez sorrir, bom, pelo menos o final dela. Não que as coisas que você me contou sejam engraçadas, mas esse fluxo de consciência é revigorante.”

Millie e o melhor amigo Reid tem uma tórrida noite de amor, porém a moça encarou apenas como algo normal. Ela cria no site o perfil “Catherine” e começa a conversar com Reid sem que ele saiba que é a sua amiga. As conversas deles são ótimas, engraçadas e cheia de referências de filmes. Eles ficam envolvidos e as conversas são constantes. Ri bastante com os chats deles. Eles ficam cada vez mais próximos e Millie percebe que o caminho agora é sem volta. Ela descobre que não é amizade apenas o que sente e questiona como contar para Reid que ela é a moça do perfil. Como ele reagirá ao saber da verdade que já não é mais novidade para ninguém? O rapaz perdoará a mentira? Você perdoaria?

Christina Lauren é uma dupla simplesmente imbatível, pois elas possuem uma química de milhões na escrita. Elas misturam drama e comédia numa leveza impressionante. Viva a modernidade da escrita!

Eu indico a leitura para todos, pois encontramos amizade verdadeira, leveza em assuntos densos e um 🔥 no parquinho delicioso.

Você já conheceu alguém em site de relacionamentos? Como foi a experiência?