A obra “Pequena coreografia do adeus” da escritora premiada Aline Bei nos conta a história de Júlia e da relação complicada que ela tem com a mãe e também com o pai que abandonou a casa. Os traumas familiares são gigantes, porém a jovem tenta de maneira singular tirar o melhor das situações mais sombrias possíveis. Um verdadeiro convite para a dança da realidade de muitas famílias e Júlia dança muitíssimo bem driblando os percalços da vida. Eu recebi a obra em parceria com o Submarino (Clube do Livro).
A escritora Aline Bei possui uma escrita diferente de tudo o que eu já li. A narrativa é poética, forte, empoderada e em forma de versos que leva o leitor a viajar entre as letras. Simplesmente, incrível!
“Eu me chamo Júlia Manjuba Terra e não acredito no amor. Se eu pudesse escolher, gostaria de me transformar em uma música, porque além de bonita ela desaparece quando alguém desliga o rádio.”
A história é narrada pela protagonista Júlia e muito tocante sentir o que ela passa desde pequena. Por várias vezes senti ranço dos pais dela, mas consegui compreender que o ambiente no qual estavam inseridos era propício para tais ações.
É interessante que Bei amadureceu a personagem tão naturalmente e com uma leveza diante dos temas densos abordados, que encheu o meu coração.
Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em artes cênicas pelo teatro-escola Célia Helena. Seu romance de estreia, O peso do pássaro morto (2017), foi vencedor do prêmio São Paulo de Literatura e do prêmio Toca, além de finalista do Prêmio Rio de Literatura. Pequena coreografia do adeus é seu segundo livro.
“Me sentia um verdadeiro Pêndulo: ora caminhando
solenemente para a presença materna, ora fugindo
de qualquer possibilidade de mãe.”
Os personagens foram muito bem construídos, as cenas bem detalhadas, a linguagem muito representativa e uma aula de autoconhecimento.
Eu indico a obra para todos os tipos de leitores e te pergunto: Como está a sua coreografia da vida?