01 dezembro 2022

[RESENHA] Sra. Capa | @eupossoservoce | Ilustração: Karina Beraldo | Assessoria: @iarafilardi.comunicacao | Páginas: 184 | Ano: 2022 | Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️


A obra “Sra. Capa” da escritora Fabiana C. O. é um romance cheio de camadas, emocionante e que me tocou em pontos “adormecidos”. Ela nos conta a história de Ana e Sol (mãe e filha), as relações familiares, o luto, segredos e conflitos. No tear da vida nem sempre a roda gira para o lado que desejamos.

Fabiana construiu uma narrativa que em vários momentos me levou por lugares nostálgicos, me fez reviver o luto e principalmente me fez sentir o peso da capa que estou carregando. Se Oliveira chegou a duvidar se deveria ser escritora, eis me aqui! Você me fez “devorar” as páginas em menos de uma hora e a sensação era de ter ficado dias ao lado de Sol/Ana.

Por qual motivo a obra me fez reviver o luto? Vários motivos! Minha mãe foi costureira como a Ana, na adolescência ela usava o tear no interior de Minas Gerais e com a morte da personagem intensificou a saudade da minha mãe.

Sol tentava proteger e cuidar da mãe com muito afinco, mas sentia ciúmes, raiva e rancor perante a forma que Ana tratava seus irmãos. Ela sempre via uma capa vermelha nos ombros de sua mãe e isso a deixava preocupada. Seria realidade ou fruto da sua imaginação?

“Tinha um pequeno carretel de linha de costura em minha bolsa. Nos dias que eu estava mais para baixo eu puxava um pouco o fio e o sentia.”

Ao realizar a leitura percebi que muitos usam diariamente essa capa. O uso dela pode ser por vários motivos, como: proteção, dor, medo, culpa ou por alguma ausência.

Eu estou usando essa capa e uma luz vermelha se acendeu, pois eu não preciso ser forte 24 horas, posso e devo viver meu luto, sentir minhas dores, pedir colo e chorar. A capa não pode ser transformada em um fardo e devemos tirá-la no momento certo.

“Mamãe estava indo ao encontro de um pedaço que lhe faltava. Restava a todos que ali estavam seguir com seus vazios e se despedir.”

Os temas abordados no livro são fortes e nos leva a grandes reflexões. Luto, relação abusiva, abuso infantil, terapia e depressão.

No final da obra encontramos telefones e canais para pedir ajuda, orientação e denunciar.⁣

Por fim, eu posso ser você, você pode ser eu e nós podemos ser tênues linhas da composição do tecido chamado VIDA!