08 agosto 2022

[RESENHA] Dicionário das palavras perdidas | Pip Williams | @editoragutenberg | Tradução: Lavínia Fávero | Páginas: 416 | Ano: 2022 | Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️



O livro “Dicionário das palavras perdidas” é um maravilhoso mix da história ficcional de Esme e na real história da elaboração do Dicionário Oxford da Língua Inglesa. Esme foi criada pelo pai, um lexicógrafo, em seu “Scriptorium” para elaborar o Dicionário Oxford. Em 1901, uma ficha contendo a definição de um verbete cai por acaso e Esme decide “rouba-la”. Ela começa a colecionar palavras que estavam sendo descartadas, ignoradas ou esquecidas pelos funcionários. Qual o significado delas? São palavras importantes? Leia!

“Algumas palavras são mais importantes que outras — aprendi isso ao crescer no Scriptorium. Mas levei um bom tempo para entender o porquê.”

A escritora Pip Williams nos presenteia com um baú de palavras riquíssimo, singelo, emocionante e de uma grandeza ímpar de ensinamentos. Eu nunca havia parado para pensar no processo de elaboração de um dicionário, mas em 1887 já podemos imaginar que mulheres eram impedidas de opinar, de ter verbetes relacionados a elas ou de ter algum papel na criação do mesmo.

Esme cresceu no meio das palavras e quando não sabia o real significado delas, a menina compreendia a importância de cada uma. Mesmo com a inocência infantil, ela entendia que as palavras “esquecidas” não entravam no dicionário pelo peso que tinham. Esme guardava todas as palavras descartadas no baú da empregada e amiga Lizzie. Ela criou o seu próprio dicionário: Dicionário das palavras perdidas!

Esma sempre foi inteligente e tornou-se uma mulher especial. A narrativa foi ambientada no auge do movimento sufragista e na iminência da Primeira Guerra Mundial. Se hoje é difícil ser mulher…no século XIX era o próprio flagelo. Graças a Deus tivemos mulheres revolucionárias e que mudaram a história escrita apenas por homens.

“Se a guerra é capaz de mudar a natureza dos homens, certamente é capaz de mudar a natureza das palavras, pensei.”

Paralelo ao trabalho na equipe do Dr. Murray, a jovem mulher precisou realizar escolhas dolorosas e que a marcaria por toda sua vida.

As cartas inseridas na narrativa são como um bálsamo e compreendemos melhor algumas situações.⁣

Eu gostei bastante da nota da autora e o relato da tradutora Lavínia Fávero, pois ambos são especiais, emotivos e singulares. É notória a importância da obra para ambas.⁣

Eu super indico a leitura da obra, pois é um estudo considerável não só sobre verbetes, mas pela originalidade, força e inspiração das palavras.⁣

Que “literata”, “ama-cativa”, “esbodegada” e outras palavras femininas possam ecoar por todo o mundo!