11 março 2020

[Resenha] Invisível | Tarryn Fisher | Faro Editorial



A obra “Invisível” conta a história de Margô que mora em uma casa caindo aos pedaços, num bairro abandonado, com sua mãe que a ignora há dois anos. Ela tinha uma vida miserável, se sentia invisível até que fez amizade com o seu vizinho cadeirante, Judah. Uma criança desaparece em seu bairro e ela resolve investigar o caso com a ajuda de seu amigo. O que ela descobre muda toda a sua vida, desperta seu senso de justiça e a deixa num caminho sem volta. Como ela conseguiu se tornar ainda mais invisível?

Tarryn Fisher é autora do best-seller “Fuck Love” e escreve obras profundas, reflexivas e que deixam os leitores tentando encontrar todas as razões possíveis e imaginárias.

Caro leitor, se começarmos a obra observando a capa já é possível notar o quão sombria ela é e podemos esperar uma narrativa densa e envolta de muitos mistérios.

A personagem Margô sofreu bastante, sua mãe era prostituta e atendia os clientes em casa. A moça não podia sair do seu quarto, porém ouvia tudo de lá mesmo. O bairro era violento, mal podia se alimentar, vivia isolada até que criou vínculo de amizade com o seu vizinho cadeirante. A vida de Margô dá uma grande reviravolta quando uma criança do seu bairro some e ela conhece as raízes do mal, o ódio, a injustiça, violência, abuso infantil, abandono, maus tratos e algo muda dentro dela profundamente.

“Você tem que entender algo sobre Bone - diz Judah. Todas as coisas ruins que acontecem aqui lembram as pessoas do que elas estão tentando esquecer. Quando se é rico e vê coisas como essa na TV, você abraça seus filhos e se sente grato por não ser você. Quando se é de Bone, você abraça seus filhos e reza para não ser o próximo."

Confesso, que “Invisível” me deixou sem saber se defendo ou não as atitudes da personagem. Será que eu faria o mesmo? Tarryn escreveu de uma forma tão intensa que eu não consegui saber se a personagem era louca, o amigo cadeirante, a mãe dela, a própria autora ou eu...

Sério mesmo! Só vocês lendo para tirarem as próprias conclusões do que seja certo/errado, verdade/mentira, loucura/sanidade, pois sem dúvidas para sair das sombras, basta encontrar uma razão!

Outra coisa, a obra nos faz refletir sobre várias situações econômicas, sociais, psicológicas, amorosas, sentimentais e internas. O arremate da obra com as notas da autora são essenciais para entender um pouco a “invisibilidade” de Margô. Eu espero que tenha uma continuação em breve e que muitas das minhas perguntas que ficaram sem respostas sejam esclarecidas. Alucinante!