Em
“Do que estamos falando quando falamos de estupro” aborda a história de Sohaila
Abdulali que sobreviveu a um estupro coletivo quando tinha 17 anos e perante
sua indignação resolveu escrever uma coluna sobre a percepção acerca do estupro
e de suas vítimas para uma revista feminina. Após trinta anos, seu artigo voltou
com força total e viralizou. Ela escreve outro artigo para o New York Times
sobre o processo de cura de um abuso sexual.
Sohaila
Abdulali nasceu em Bombaim, na Índia e as regras do país para casos de estupro
são quase que nulas para as vítimas, pois a grande maioria não tem voz e a polícia
ainda julga as mulheres estupradas. E ela foi estuprada nos Estados Unidos logo
após mudar com a família. O estupro foi brutal, porém ela é uma mulher forte e
transformou a sua dor em um grito de não aceitar a violência como algo normal,
é preciso falar.
Abdulali
nos conta como ela foi estuprada, os relatos das vítimas de estupro, fala sobre
a cultura do estupro e os rótulos impregnados por uma sociedade preconceituosa.
“O
estupro drena a luz. Quero que volte a entrar alguma luz. Não tenho respostas,
mas espero iluminar pelo menos um pouco algumas questões e suposições que
carregamos conosco. Precisamos falar sobre estupro, e precisamos examinar de
que maneira estamos falando sobre estupro”.
O
tema abordado na obra é cruel, duro, forte, impactante, porém real.
Infelizmente, em pleno século XXI muitos julgam as mulheres estupradas com o
rótulo carimbado na testa: CULPADA! O nosso corpo é algo inviolável e ninguém
tem a autoridade de tocar qualquer que seja a parte sem o consentimento. Não
importa se é o marido, namorado, chefe, autoridade religiosa, irmão, tio ou
pai. Também não importa se uma jovem estava na balada, com roupas curtas ou se
é prostituta. O outro precisa entender quando a outra parte diz NÃO. O mesmo
vale para o sexo oposto, pois muitos homens têm sofrido abusos sexuais. Chega
de acharmos que é normal a cultura do estupro.
A
escritora nos dá uma lição de sabedoria, superação, força e cura com o livro,
pois ela possui um olhar generoso e sem julgamentos para com as vítimas. Fiquei
revoltada ao ler sobre os casos de estupro no Kuwait devido ao fato da vítima
ter que se casar com o estuprador para ele não ser penalizado. Eu cheguei a
pensar que era ficção e fiquei boquiaberta quando descobri que é um fato. Um
livro para ser lido por homens e mulheres, pois o que você acha que estamos
falando quando falamos de estupro?