O
livro “A mulher com olhos de fogo” aborda o relato verdadeiro de uma mulher que
espera sua execução em uma prisão no Egito. A escritora estava fazendo uma
pesquisa sobre neurose em mulheres egípcias e conheceu a história de Firdaus,
que após muita insistência resolveu narrar toda a sua vida em apenas um único encontro.
“Sempre
que eu abria um jornal e me deparava com a fotografia de um desses homens de
grande importância eu cuspia nela. Eu sabia que estava apenas cuspindo num pedaço
de jornal que poderia usar para forrar as prateleiras da cozinha. Mesmo assim
eu cuspia neles, e depois deixava o cuspe secar no lugar.”
Firdaus
relata a sua infância pobre, a falta de amor dos pais, sua mutilação genital, o
abuso sofrido pelo tio, casar adolescente com um homem idoso, os espancamentos diários,
a prostituição e o assassinato de um dos seus agressores por legítima defesa, a
prisão e por fim a sentença da execução.
Apesar
do relato ter ocorrido em 1973, caiu como uma luva nos dias atuais. As mulheres
lutam diariamente pela conquista da sua independência, igualdade e por darem
voz as suas vontades. O mundo ainda é extremamente machista e infelizmente, é
cultural no mundo árabe que as mulheres sejam submissas. E as que resolvem
lutar pelos seus direitos correm o grande risco de encontrar a morte.
“E
se uma pessoa alcança a verdade, isso significa que ela não sente mais medo da
morte. Porque morte e verdade são similares em um aspecto: quem deseja
confrontá-las necessita de grande coragem. E a verdade é como a morte, já que
também mata”.
A
obra tem poucas páginas, porém toda a narrativa possui uma alta carga
emocional. É devastador, cruel, impactante, forte e único. Que mulher corajosa,
pois enfrentou todas as adversidades da vida lutando bravamente e crendo em
dias melhores, dias de glória.
Firdaus
foi uma mulher que encontrou no seu limite algo simplesmente maravilhoso: sua
liberdade! Super recomendado!