16 abril 2019

[Resenha] | A garota desaparecida | Lisa Gardner | Editora Gutenberg




A obra “A garota desaparecida” nos conta a história da estudante Flora. Ela passou 472 dias vivendo um verdadeiro pesadelo e descobriu da pior forma o que é de fato a maldade humana. Após cinco anos e com marcas profundas no seu íntimo, a jovem tenta voltar a ter uma vida normal, porém ela desaparece novamente e a detetive D. D. Warren entra em cena e descobre que tudo pode ser ainda pior.

A história já começa densa e com uma realidade nua e crua. Você leitor não seria capaz de imaginar o que Flora passou nesses 472 dias e para complicar a nossa linha de raciocínio todos se tornam suspeitos.   

“Você está sozinha na caixa. É assustador. É esmagador. Horrível. Principalmente porque você ainda não entende o quanto tem motivo para sentir medo”.

A escrita da Lisa Gardner é intensa e Harlan Coben a considera uma das melhores autoras de suspense. A forma na qual ela abordou todo o sequestro de Flora foi visceral. Algumas vezes me perguntei se de fato a jovem estava sequestrada ou se seria problemas de ordem mental.

"Quer uma definição melhor, uma visão mais profunda de mim mesma. Sou uma justiceira? Uma aberração autodestrutiva? Ou uma entusiasta da autodefesa? Talvez eu seja tudo isso. Talvez eu não seja nada disso. Talvez eu seja uma garota que há muito tempo achava que o mundo era um lugar brilhante e feliz. E que agora... sou uma garota que desapareceu anos atrás. E ficou longe de casa e de si mesma por tempo demais”.

O livro aborda temas difíceis e polêmicos, como: sequestro, crimes, violência física e psicológica, estupro, tortura, lavagem cerebral, cárcere privado, relações familiares, segredos e outros. Até que ponto alguém que passe por uma situação de privação consegue levar uma vida normal? Como sobreviver 472 dias vivendo em condições inimagináveis?

Flora relata como sobreviveu dentro de uma caixa de pinho em forma de caixão e chega a doer o coração de imaginar tamanha maldade. Somos livres e ao perdermos coisas teoricamente simples como o de direito de ir e vir, privação da luz do sol, o controle do próprio corpo, falta de higiene pessoal e outros fatores, nos damos conta de como é bom viver em liberdade. A jovem chegou ao fundo do poço e ainda nos momentos de clareza conseguia pensar em algo bom, pois as raposas mesmo que distantes a ajudavam a crer em um futuro.

A capa está incrível e completa toda a narrativa, pois podemos sentir pelo olhar a dor, desespero e um grito preso na garganta. Podemos odiar quem nos alimenta e nos dá a mínima dignidade? Leia e tire a sua própria conclusão!