O pai da nossa protagonista parte em busca de melhores recursos, porém ele não volta. Ela nunca se conformou com tal situação e passou a vida tentando encontrá-lo. Cronologicamente acompanhamos todo o sofrimento, angústia, tristeza e busca da personagem. O autor não cita o nome dela, porém ela pode ser Maria, Clara, Ana, Judith ou quem sabe você… quem nunca enfrentou dilemas pessoais, da sociedade e nas relações humanas? Será que ela conseguirá encontrar o pai ou descobrirá o que de fato aconteceu?
“Nunca. Esse é um tempo que uma criança não pode entender, e que até hoje eu tenho me recusado a aceitar.”
O prefácio está convidativo e deixa o leitor desesperado para acompanhar a protagonista pelas páginas seguintes. Joaquim Maria Botelho escreveu com muita excelência, parabéns!
O escritor R. Colini me surpreendeu de todas as formas, pois ele toca em pontos adormecidos em cada um, nos leva a sofrer com a personagem e imaginar um rio de possibilidades. Seria o curso do rio mudando a curva ou a curva sempre esteve no mesmo lugar? Ele é sem sombra de dúvidas um escritor com alma feminina!
Três gerações de mulheres e com pensamentos totalmente diferentes. Não é fácil aceitar a forma que o outro pensa, porém é importante respeitar! O poder da escolha nem sempre quer dizer que é o caminho certo. A nossa protagonista passou por muitos sofrimentos, decisões irreversíveis, acompanhou a explosão da AIDS em 90, pela revolução sexual e todos os acontecimentos ocorridos no Brasil nos anos citados na obra. Uma menina que se transformou em mulher, porém as suas cicatrizes sempre estiveram presentes no processo de amadurecimento.
“Uma menina sente fome. Não se engane. A fome dói, primeiro, no estômago e, depois nos ossos."
Agradeço a equipe da @lcagcomunicacao pela organização da Leitura Coletiva e pelo maravilhoso debate que tivemos com a presença do autor.
Eu super indico a leitura!
