10 março 2021

[Resenha] O abrigo de Kulê | Juliana Valentim | All Print Editora

 

A obra “O abrigo de Kulê” nos conta a história de Maria, uma moça que ama os livros e sonha em ver o mundo, encontra Gabriel, um caixeiro-viajante vendedor de brinquedos. O que eles não sabiam, na beleza inocente da juventude, é que o destino tem seus caprichos. O ano é 1940 e a cidade é uma dessas onde os velhos espiam pelas janelas, onde crianças brincam pelas ruas e as meninas sem luxo se enfeitam para ver a festa na praça. Uma linda história que inunda de ensinamentos o coração do leitor! Qual é o preço da liberdade?

A escritora Juliana Valentim construiu um romance envolvente, forte, que aflora as mais variadas emoções e riquíssimo de valorosas lições. Os personagens são representados na narrativa com singularidade e todos são necessários para o conjunto da trama. Foi bem especial participar da Leitura Coletiva organizada pela LC Agência. A capa está bem bela e diz muito sobre a obra, leiam!

"Despediram-se, então, com uma inquietação na alma. Sentiam vontade de viver demasiadamente, até o talo da vida. As peles queimavam  feito uma febre faminta de tudo. Sentiam vontade de engolir o mundo."

Os temas abordados na obra são densos, porém importantes de serem explanados, como: trabalho escravo, preconceito, amor, paixão, respeito, liberdade, sororidade, mentira, empatia, igualdade, decepção, coragem e solidariedade. Apesar dos temas fortes, Juliana, conseguiu construir uma narrativa leve e que aquece o coração.

A personagem Maria é simplesmente encantadora e possui uma força avassaladora. Ela é empoderada, inteligente, curiosa, resiliente, companheira, decidida e bem à frente do seu tempo. Já Gabriel demonstra ser bom de papo, porém a falta de algumas atitudes dele dá nos nervos, hehe! Em alguns momentos senti vontade de dar uns beliscões nele. Os outros personagens, como Nina, são importantes para o fechamento da obra com chave de ouro.

 “A verdade era que alguma coisa mágica acontecia ali. A menina gostava de imaginar um campo de proteção rodeando o Casarão, como uma força invisível, dessas que ela só via nos livros. Ela gostava de pensar que nenhum mal conseguiria penetrar naquela fortaleza. De certa forma, era isso que estava acontecendo na vida real, o que lhe dava motivos de sobra para comemorar."

Por fim, as maiores lições que eu tiro da obra é que não existe amor perfeito, pois os amores imperfeitos nos levam a sonhar, dançar, brincar e aprender. Também o real valor da liberdade. Ser livre é algo inexorável e não podemos deixar nada e nem ninguém nos privar dela. Me responda a pergunta que fiz no primeiro parágrafo: Qual é o preço da liberdade?