25 novembro 2019

[Resenha] Românticos incuráveis: quando o amor é uma armadilha | Frank Tallis | Faro Editorial



A obra “Românticos incuráveis” aborda as experiências vividas por pacientes que ultrapassaram a barreira da normalidade no consultório de um psicoterapeuta. Algumas pesquisas científicas nos mostram que quando o assunto é ‘estado de amor’ perdemos o limite do que é certo ou errado. Frank nos apresenta 12 histórias distintas, como: da mulher que se apaixonou perdidamente pelo seu dentista e o perseguiu até que ele precisou mudar de país; ao rico empresário, casado há mais de 30 anos, que gastou toda sua fortuna com mais de 3 mil prostitutas; à linda garota com um ciúme tão doentio que afastou todos os homens da sua vida; e muitos outros casos.

Frank Tallis é especializado em transtornos obsessivos e abrilhanta a obra com sua vasta experiência em atender pessoas totalmente diferentes. O autor consegue passar de uma forma bem direta como os personagens se sentem ao contar sobre os problemas vividos, porém na  busca das soluções eu achei a narrativa falha.

Por se tratar de um livro de não ficção podemos verificar que as pessoas enlouquecidas de amor são mais reais do que pensamos. Deitadas sobre o divã inúmeras histórias são contadas e algumas totalmente distorcidas da realidade.

Tallis colocou muitas explicações técnicas e creio que acabou não dando o real enfoque aos pacientes dentro do consultório. Eu esperava que todas as histórias fossem atreladas dentro do que ocorria na relação terapeuta/paciente, mas as inúmeras informações adicionais quebrou o romance no que tange a parte terapêutica, como por exemplo, ao citar religião e termos usados por médicos (psiquiatras e neuros).

“A vida é um empreendimento precário e o amor é seu ingrediente essencial. À medida que envelheço, acho salutar lembrar a mim mesmo desses truísmos com regularidade cada vez maior. Nós humanos, parece-me, tendemos a nos esquecer do óbvio.” 

Os temas abordados são fortes como: obsessão, delírios, compulsão, toc, loucura, ciúmes, desinibição e outros. Infelizmente, algumas histórias relatadas por pior que fossem chegaram a ser engraçadas e outras totalmente repulsivas, porém quem somos nós para julgar os mistérios da mente humana?

Apesar de o livro ser sobre um tema que eu amo e também pela minha formação, não fluiu como eu gostaria. Claro que não é possível um terapeuta contar em 12 capítulos as histórias vivenciadas por ele, mas senti falta das soluções ou andamentos delas. Então, leia e tire as suas conclusões, pois loucos todos somos um pouco em algum momento da vida. Não acha?