24 fevereiro 2019

[Resenha] | As sereias de Titã | Kurt Vonnegut | Editora Aleph




A obra “As sereias de Titã” conta a história do magnata Winston Niles que se perdeu em uma viagem espacial e foi desmaterializado junto com seu cão, Kazak. Eles se materializam a cada 59 dias na mansão que moravam e atraem centenas de curiosos. Do outro lado, temos Malachi Constant, milionário fanfarrão que recebe a profecia que viajará pelo espaço e terá um filho com uma parceira nada convencional.

Kurt cria o infundíbulo cronossinclástico e a explicação sobre o termo é ainda mais doida, pois nunca verei um funil com os mesmos olhos. O destino do nosso personagem pode envolver lavagem cerebral, um exército marciano, uma amizade com fim trágico e estranhas criaturas de Mercúrio. Esse conjunto de fatores dá vivacidade para a narrativa e questionamentos diversos são levantados, com uma pitada de humor sarcástico e uma explosão de acontecimentos dignos de uma boa obra de ficção científica.

“Noventa e nove por cento dos recrutas ficavam com amnésia depois de chegar a Marte. Suas memórias eram apagadas por especialistas em saúde psíquica, e cirurgiões marcianos instalavam antenas em seus crânios  para que fossem controlados via rádio”.

Por fim, Vonnegut com singularidade aborda a moral, o livre arbítrio, militarismo e sobre a vida humana como um todo. Até que ponto realmente temos o livre-arbítrio? Conseguimos trilhar nosso próprio destino ou somos governados involuntariamente por forças maiores? Deus realmente existe? Até que ponto a moral e os bons costumes são colocados na balança da vida? A obra é extremamente rica por debates filosóficos e as críticas sociais falam por si só.

Indico a obra para os amantes de ficção científica e afirmo que o final é surpreendente, pois só ao ler é possível compreender a loucura da narrativa. A capa é bem instigante e quem sabe não mostra o coração do infundíbulo cronossinclástico?