A
obra “As sereias de Titã” conta a história do magnata Winston Niles que se
perdeu em uma viagem espacial e foi desmaterializado junto com seu cão, Kazak.
Eles se materializam a cada 59 dias na mansão que moravam e atraem centenas de
curiosos. Do outro lado, temos Malachi Constant, milionário fanfarrão que
recebe a profecia que viajará pelo espaço e terá um filho com uma parceira nada
convencional.
Kurt
cria o infundíbulo cronossinclástico e a explicação sobre o termo é ainda mais
doida, pois nunca verei um funil com os mesmos olhos. O destino do nosso
personagem pode envolver lavagem cerebral, um exército marciano, uma amizade
com fim trágico e estranhas criaturas de Mercúrio. Esse conjunto de fatores dá
vivacidade para a narrativa e questionamentos diversos são levantados, com uma
pitada de humor sarcástico e uma explosão de acontecimentos dignos de uma boa
obra de ficção científica.
“Noventa
e nove por cento dos recrutas ficavam com amnésia depois de chegar a Marte.
Suas memórias eram apagadas por especialistas em saúde psíquica, e cirurgiões marcianos
instalavam antenas em seus crânios para
que fossem controlados via rádio”.
Por
fim, Vonnegut com singularidade aborda a moral, o livre arbítrio, militarismo e
sobre a vida humana como um todo. Até que ponto realmente temos o livre-arbítrio?
Conseguimos trilhar nosso próprio destino ou somos governados involuntariamente
por forças maiores? Deus realmente existe? Até que ponto a moral e os bons
costumes são colocados na balança da vida? A obra é extremamente rica por
debates filosóficos e as críticas sociais falam por si só.
Indico
a obra para os amantes de ficção científica e afirmo que o final é
surpreendente, pois só ao ler é possível compreender a loucura da narrativa. A
capa é bem instigante e quem sabe não mostra o coração do infundíbulo
cronossinclástico?