O
livro se passa em um futuro não muito distante nos Estados Unidos, onde um
presidente de extrema direita, conservador, após ser eleito retira das mulheres
e, de todos aqueles que fogem do padrão de “puros”, o direito de fala. Então às
mulheres é dado o direito de falar somente 100 palavras por dia! Não podem mais
ler ou escrever, ou tentarem se comunicar de outra forma. Seu único dever é
cuidar de sua casa e obedecer aos homens.
É
dentro desse contexto social e distópico que conhecemos a história da Dra. Jean
McClellan. Reprimida e ressentida por tudo que foi lhe foi tirado, até mesmo
com seu marido e filhos, somos imersos em seus pensamentos, pois o livro é
narrado em primeira pessoa, e acompanhamos como foi todo o processo que
culminou com o domínio do governo sobre a sociedade até o momento em que ela é
procurada para uma missão, pois é a única especialista da área de
neurolinguística que se encontra no país e todo o seu mundo reprimido se altera
e ela tem a chance de lutar pelas vozes que foram silenciadas.
“Imagino que as outras mulheres fazem. Como
elas lidam com isso. Será que ainda encontram alguma coisa para curtir? Será
que ainda ama os maridos como antes? Será que os odeiam, nem que seja só um
pouquinho?”
Apesar
de ser uma realidade bem extrema é impossível não comparar a história com a
nossa realidade. É agoniante ver o quanto se deseja falar e totalmente
aterrorizante saber as consequências de desobedecer a ordem de um governo
tirano. Como mulher, foi muito fácil me aproximar de Jean e entender os vários
sentimentos que são despertados nela.
Dalcher
nos apresenta uma temática forte, instigante e de um silêncio ensurdecedor.
Aborda temas fortes como a opressão, fanatismo religioso, machismo,
empoderamento feminino, totalitarismo político, liberdade e a falta dela.
A
escrita da autora é muito envolvente e a leitura é super dinâmica devido aos
capítulos curtos. Ponto positivo para o enredo, mas ponto negativo para o final
que se desenrola com muita rapidez, deixando um pouco a desejar. Indico para
todos que gostam de distopia e de usar o seu livre arbítrio sem interferências
políticas e religiosas.