23 janeiro 2019

[Resenha] | Vox | Christina Dalcher | Editora Arqueiro




O livro se passa em um futuro não muito distante nos Estados Unidos, onde um presidente de extrema direita, conservador, após ser eleito retira das mulheres e, de todos aqueles que fogem do padrão de “puros”, o direito de fala. Então às mulheres é dado o direito de falar somente 100 palavras por dia! Não podem mais ler ou escrever, ou tentarem se comunicar de outra forma. Seu único dever é cuidar de sua casa e obedecer aos homens.

É dentro desse contexto social e distópico que conhecemos a história da Dra. Jean McClellan. Reprimida e ressentida por tudo que foi lhe foi tirado, até mesmo com seu marido e filhos, somos imersos em seus pensamentos, pois o livro é narrado em primeira pessoa, e acompanhamos como foi todo o processo que culminou com o domínio do governo sobre a sociedade até o momento em que ela é procurada para uma missão, pois é a única especialista da área de neurolinguística que se encontra no país e todo o seu mundo reprimido se altera e ela tem a chance de lutar pelas vozes que foram silenciadas.

“Imagino  que as outras mulheres fazem. Como elas lidam com isso. Será que ainda encontram alguma coisa para curtir? Será que ainda ama os maridos como antes? Será que os odeiam, nem que seja só um pouquinho?”

Apesar de ser uma realidade bem extrema é impossível não comparar a história com a nossa realidade. É agoniante ver o quanto se deseja falar e totalmente aterrorizante saber as consequências de desobedecer a ordem de um governo tirano. Como mulher, foi muito fácil me aproximar de Jean e entender os vários sentimentos que são despertados nela.

Dalcher nos apresenta uma temática forte, instigante e de um silêncio ensurdecedor. Aborda temas fortes como a opressão, fanatismo religioso, machismo, empoderamento feminino, totalitarismo político, liberdade e a falta dela.

A escrita da autora é muito envolvente e a leitura é super dinâmica devido aos capítulos curtos. Ponto positivo para o enredo, mas ponto negativo para o final que se desenrola com muita rapidez, deixando um pouco a desejar. Indico para todos que gostam de distopia e de usar o seu livre arbítrio sem interferências políticas e religiosas.