16 dezembro 2018

[Resenha] Um Espelho para Vênus | Cristiane Schneckenberg



A obra “Um Espelho para Vênus” possui um prefácio muito bem escrito pelo Doutor Gerson Lopes no qual surge a vontade de devorar o livro e receber o presente da autora para todas as mulheres: o espelho do conhecimento.
O livro aborda o processo de formação da jovem Sara, sua relação familiar, amizades, a paixão pela dança, vida profissional, estudos, vida amorosa e a busca pelo descobrimento do seu “eu interior”. É uma ficção que traça toda a trajetória da médica.
Schneckenberg nos apresenta algumas questões teóricas no que tange o Projeto Prisma, como o modelo de PILSET que é um mapeamento geral de conduta sexual e outros modelos.

Doutora Sara paralelo ao trabalho constrói a sua história de amor, com o também médico, Miguel. Ele é cardiologista, metódico, exigente e de temperamento forte e por muitas vezes tira Sara do eixo levando a médica questionar sua relação, porém se completavam.

“Mar, céu, sol, brisa e liberdade: ingredientes para um coquetel de paixão. Sentamos lado a lado para ver o pôr do sol. Ele segurou minha mão e nossos dedos se entrelaçaram, nos olhamos e ele levou minha mão à sua boca, beijando-a. Depois me abraçou. A sensação era estonteante, todos os meus sentidos estavam tomados pelo desejo de compartilhar com Miguel bem mais do que aquele cenário.”


As reuniões do Grupo Prisma conduzidas por Sara Mayer são de uma sensibilidade ímpar e com as atividades ministradas é possível que as pacientes se libertem de medos, dúvidas, anseios e liberem as fantasias escondidas, o desejo e o conhecer o próprio corpo.

“Cada uma seguiu seu caminho. Olhei para elas, as mulheres-prisma, cada qual de uma cor, cada cor uma refração, um espectro único feito do que se é e do que se pode ser.”


Cristiane cita algumas vezes a escritora Clarice Lispector e a obra “Perto do Coração Selvagem” trazendo brilhantismo para a narrativa. O desvendar dos anseios sexuais e os mistérios da alma feminina tem grande importância para as mulheres.

A escritora também é médica e no grupo de leitura coletiva no qual debatemos a obra, dúvidas e sugestões foram dadas. Tivemos uma troca bem rica entre a profissional e leitora. Sobre o personagem Miguel posso afirmar categoricamente que 95% das participantes do grupo não compreenderam a real essência dele. Ele teve uma grande sacada nas últimas páginas e que poderá mudar Sara profissionalmente.

A diagramação do livro e a capa são excelentes. A capa me remeteu ao álbum de fotos da personagem Sara intitulado como “Superego” e cheio de strass. A obra está mega indicada e creio que todas as mulheres deveriam ler para conhecer a sexualidade, desmitificar preconceitos e trazer a dança da liberdade.

Ahhh! Não poderia deixar de citar o Projeto Prisma e no quão importante ele seria se fosse adotado nos hospitais como caráter obrigatório para as pacientes que sentem perdidas quanto a sua sexualidade, seu corpo, seu parceiro e na própria imagem refletida pelo espelho. Se descobrir mulher e permear desejos/fantasias é profundamente necessário.



Meus sinceros agradecimentos a Dra. Cristiane Schneckenberg pela simpatia, gentileza e presteza em esclarecer as dúvidas do grupo. Agradeço ainda a LC Comunica pelo projeto de Leitura Coletiva e em especial para mediadora/administradora do grupo Babi, por ser uma exímia companheira e esclarecedora de todo o processo.