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| Resenha por FERNANDA AVELLAR |
Bem atrás de você é um suspense policial que aborda um tema atual e por inúmeras vezes ignorado pela sociedade como um todo: o abuso infantil. A história começa com um prólogo denso, revelador, forte e cruel. É narrado em primeira pessoa por Telly com 9 anos e ele nos conta como vivia em um trailer imundo, com o pai bêbado, a mãe drogada e sua irmã Sharlah com apenas cinco anos de idade. Faltava comida, carinho e amor já que os pais eram totalmente omissos. Narrado ora em primeira pessoa, ora em terceira pessoa, com uma linguagem fluída, direta e que toca no emocional dos leitores.
Telly tomou a responsabilidade para si e cuidada da irmãzinha, arrumava as refeições e contava histórias que ela gostava muito de ouvir, porém certo dia os pais começam a brigar violentamente e com a faca na mão a tragédia se torna real. As crianças assistem tudo com o terror nos olhos e o pai parte para cima da irmã e Telly a defende acertando com um golpe certeiro a cabeça do pai com um taco de beisebol. Devido ao crime, Telly vai parar em um reformatório e Sharlah no sistema de adoção.
“Eu já tive uma família. Mas então meu pai bebeu, injetou ou cheirou demais. E a mãe começou a gritar e gritar e gritar. Enquanto minha irmã e eu assistíamos de olhos arregalados no sofá”.
Após oito anos da tragédia que separou o irmão de Sharlah, o jovem hoje com dezessete anos aparece como o principal suspeito de uma onda de assassinatos. Teria ele se tornando um serial killer? Para traçar o perfil do criminoso é convocado o ex-agente do FBI Pierce Quincy, porém o envolvimento no caso por ser o pai adotivo de Sharlah pode embaralhar as possíveis deduções.
A trama se torna eletrizante diante de cada capítulo, as perseguições policiais, os dramas psicológicos envolvidos, as teorias, armações, medo, porte de armas, drogas, adoção e os transtornos que podem marcar uma vida para sempre.
“Vilão ou herói. Quem sou eu? Protetor. Destruidor. Protetor. Destruidor. Protetor. Que tipo de homem, que tipo de homem, que tipo de homem”.
A diagramação do livro é linda, com folhas amareladas e fonte perfeita para a leitura. A capa é perfeita como se estivesse sendo despedaçada em estilhaços por um tiro e com alguns pontos em verniz localizado.
Nunca havia lido os livros de Lisa Gardner e confesso que fiquei encantada com o talento nato da escritora. Gardner escreve com maestria e agora entendo o motivo dela ser uma das autoras preferidas de Harlan Coben.
O fechamento da obra não poderia ter sido melhor. É de uma riqueza incrível nos detalhes das cenas e que me fez viajar para cada parte delas. Com Lisa Gardner aprendemos que nem tudo que parece de fato é, ou seja, nunca devemos julgar pelas aparências ou fatos isolados. Surpresa, reviravolta, drama e emoção os leitores encontram por toda a trama. E vocês já leram alguma obra de Lisa Gardner?
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